Homicídio de opositores do regime chega a tribunal ao fim de dois anos
O Tribunal Provincial de Luanda começa hoje a julgar o rapto e homicídio de dois opositores do regime angolano, crime ocorrido em maio de 2012 e que tem marcado várias manifestações entretanto realizadas no país.
© Reuters
Mundo Angola
Alves Kamulingue e Isaías Cassule foram raptados na via pública, em Luanda, nos dias 27 e 29 de maio de 2012, quando tentavam organizar uma manifestação de veteranos e desmobilizados contra o Governo do Presidente José Eduardo dos Santos.
Em comunicado de dezembro de 2013, aquando das primeiras detenções, a Procuradoria-Geral da República angolana referiu que os dois ex-militares terão sido assassinados por agentes da Polícia Nacional (PN) e da Segurança do Estado.
De acordo com o advogado das famílias das vítimas, assistentes neste processo, seguem para tribunal "cerca de setenta réus", entre elementos da PN e do Serviço de Inteligência e de Segurança do Estado, bem como um membro do comité provincial de Luanda do MPLA, o partido no poder desde a independência, em 1975.
David Mendes, que integra uma equipa de três advogados da associação "Mãos Livres", explicou à Lusa que estes elementos são suspeitos da autoria material e envolvimento nos crimes de rapto e homicídio. Os familiares pretendem apurar, durante o julgamento, a "autoria material" dos crimes, que não estará no processo, explicou ainda o advogado e ativista.
Nas manifestações de contestação ao Executivo liderado por José Eduardo dos Santos, convocadas nos últimos meses pelo Movimento Revolucionário, as mortes de Kamulingue e Cassule foram sempre recordadas, com os ativistas a reclamarem por "Justiça".
Os corpos dos dois homens nunca foram recuperados.
O julgamento tem a primeira sessão agendada para esta segunda-feira, no Tribunal Provincial de Luanda, mas os advogados admitem que venha a tratar-se de um "processo muito longo".
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