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Londres e Paris acusam-se de hipocrisia por causa da venda de armas à Rússia

O Reino Unido e a França acusaram-se mutuamente de hipocrisia a propósito das sanções a aplicar à Federação Russa, o que revela divisões profundas entre os europeus sobre a resposta a dar depois da queda do avião malaio.

Londres e Paris acusam-se de hipocrisia por causa da venda de armas à Rússia
Notícias ao Minuto

20:29 - 23/07/14 por Lusa

Mundo Sanções

Esta semana, o Reino Unido criticou o contrato de venda de dois navios de guerra franceses aos russos, no valor de 1,2 mil milhões de euros, enquanto a França acusou os britânicos de servirem de refúgio para os oligarcas russos.

O conflito amplificou-se hoje com a divulgação de um relatório parlamentar britânico revelou que o Reino Unido tinha autorizado exportações de armas para a Federação Russa, enquanto criticava os seus parceiros europeus por fazerem o mesmo.

Os analistas esperam que a controvérsia franco-britânica, mas sublinham que é sintomática de um mau estar maior na União Europeia (UE).

Os 28 Estados da UE insistem na repartição igual do fardo das sanções contra Moscovo.

"Estamos a assistir a tensões no seio da UE a propósito das sanções, o que é inevitável dado que cada país tem uma relação diferente com a Rússia", declarou uma investigadora do Royal United Services Institute de Londres, Sarah Lain, à agência noticiosa AFP.

"A França não quer quebrar este contrato", de venda dos navios de guerra, uma vez que "isso prejudicaria mais os interesses franceses do que os da Rússia", adiantou Lain, que realçou ainda o facto de o relatório parlamentar "chamar a atenção para o facto de a França não ser a única na UE a manter relações no campo do armamento com Moscovo".

Apesar das pressões dos EUA para um endurecimento das posições face a Moscovo depois da queda do avião da Malaysia Airlines, abatido no leste da Ucrânia, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE limitaram-se a reforçar as sanções e ameaçar um embargo de armas.

Mas o debate degenerou, depois de a França se ter mostrado reticente em colocar em causa o contrato de venda de dois navios, de classe Mistral, à Rússia. O Presidente francês, François Hollande, avançou que o primeiro seria entregue em outubro, mas que o segundo "dependeria da atitude da Rússia".

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, criticou a França, comparando que seria "impensável" no seu país "executar uma encomenda excecional como a dos franceses", e estendeu as críticas à Alemanha e à Itália por também venderem armas a Moscovo.

As afirmações de David Cameron foram mal acolhidas em Paris.

Jean-Christophe Cambadélis, dirigente do Partido Socialista no poder, considerou que a entrega das Mistral era "um falso debate conduzido pelos hipócritas".

O chefe da diplomacia, Laurent Fabius, por seu turno, ironizou, agradecendo aos britânicos por "serem extremamente amáveis por dizerem que nunca fariam isso" e sugerindo que falassem também de finança. "Acho que ouvi dizer que havia muitos oligarcas russos em Londres", disse, a propósito.

Mas Londres também ofereceu o flanco a acusações de hipocrisia, com o relatório parlamentar a especificar que continuam em vigor 251 licenças de exportação, que preveem vendas de material militar no montante de 132 milhões de libras (167 milhões de euros).

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