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"Sobre Orpheu e o Sensacionismo" editada na próxima semana

Uma antologia de textos teóricos e críticos de Fernando Pessoa, "Sobre Orpheu e o Sensacionismo", numa edição de Fernando Cabral Martins e Richard Zenith, é publicada na próxima segunda-feira, anunciou hoje a editora Assírio & Alvim,

"Sobre Orpheu e o Sensacionismo" editada na próxima semana
Notícias ao Minuto

20:30 - 30/03/15 por Lusa

Cultura Fernando Pessoa

Na introdução, Cabral Martins e Zenith afirmam que os escritores Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, com a revista Orpheu, editada pela primeira vez há 100 anos, "procuravam surpreender, agitar mentalidades".

Para Cabral Martins e Zenith, "Pessoa e Sá-Carneiro eram os verdadeiros dirigentes da revista".

No caso do poeta da "Mensagem", que assinou alguns artigos em nome próprio e também com o heterónimo Álvaro de Campos, a revista "estava intimamente ligada ao Sensacionismo".

"Fernando Pessoa e Sá-Carneiro procuravam surpreender, agitar as mentalidades, questionar os valores estéticos consagrados e escandalizar o bom senso, e não há dúvida que Orpheu representou um momento de rutura e viragem na história da literatura e cultura portuguesas", afirmam os investigadores da obra de Pessoa.

Segundo os editores, "a revista e o impulso que ela consubstanciou, todavia, tinham significados distintos para os vários participantes" e, no caso de Pessoa, era o "Sensacionismo".

"Pessoa - escrevem - associa estreitamente o Sensacionismo a Álvaro de Campos (cujo lema é 'Sentir tudo de todas as maneiras')" e "concebe o Sensacionismo como uma vasta corrente, uma 'Grande Síntese' de movimentos anteriores e contemporâneos, e vê, ou acaba por ver, Orpheu como o seu veículo privilegiado".

O poeta, no segundo semestre de 1916, "terá gizado um plano em que designa Orpheu como o 'Órgão do Movimento Sensacionista' e, na mesma altura, redigiu um prefácio para uma antologia, em inglês, dedicada aos sensacionistas portugueses - todos 'órficos'".

Nesse texto, segundo os editores, figuram os nomes de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Álvaro de Campos e José de Almada Negreiros, mas também do brasileiro Luís de Montalvor, "cuja poesia, embora predominantemente simbolista, denota alguns 'elementos sensacionistas'".

O Sensacionismo promovido por Pessoa, segundo os autores, "caracteriza-se por uma atitude cosmopolita de grande abertura - ao novo, ao antigo, ao nativo, ao estrangeiro - e por um contínuo esforço de renovação, por uma vontade de levar tudo mais longe".

"'Além Deus' é o eloquente título do conjunto de poemas que [Pessoa] destinou a Orpheu 3", que não chegou a ser publicada, mas as obras que publicou nos dois números da revista "constituem uma ilustração e súmula perfeitas do movimento nas suas várias vertentes".

Em comunicado, a Assírio & Alvim afirma que esta antologia de textos "põe em relevo os princípios do Sensacionismo e os seus nexos com Orpheu, no cerne da sua obra e da sua relação com o Modernismo português".

Fernando Pessoa salientou, quando da publicação da revista: "Orpheu, cujo primeiro número apareceu agora, traz consigo o extraordinário interesse de fixar definitivamente uma corrente literária que de há pouco se vem esboçando em Portugal, mas cujos elementos não tinham ainda, que nos conste, conjugado os seus esforços de modo a pôr em violenta evidência o comum sentido da vida que atravessa aquelas tão divergentes e originais individualidades".

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