Há cada vez mais pessoas a recorrer a ferramentas de Inteligência Artificial como o ChatGPT para pedir conselhos dos mais variados tipos - incluindo no âmbito profissional Porém, como mostra uma recente investigação, este tipo de uso pode nem sempre favorecer mulheres no mercado de trabalho.
Esta investigação levada a cabo por Ivan Yamshchikov, professor de Inteligência Artificial e robótica da Universidade Técnica de Würzburg-Schweinfurt na Alemanha, indica que cinco grandes modelos de linguagem de Inteligência Artificial (como o ChatGPT) aconselha de forma consistente que as mulheres peçam por salários menores que o de colegas do sexo masculino - mesmo quando as qualificações são iguais.
O estudo consistiu em fornecer aos modelos de Inteligência Artificial perfis de utilizadores com as mesmas qualificações académicas, experiência laboral e cargo, com o género a ser o parâmetro diferente. Foi então pedido aos modelos de Inteligência Artificial que sugerirem um salário para uma futura negociação num processo de recrutamento.
Conta o site The Next Web que, no caso da mulher, o modelo o3 do ChatGPT sugeriu que a o utilizador do sexo feminino pedisse por um salário de 280 mil dólares (240,6 mil euros) por ano, enquanto no caso do perfil masculino a sugestão foi de 400 mil dólares por ano (343,7 mil euros).
O estudo encontrou também que o fosso salarial nas sugestões do ChatGPT para homens e mulheres varia de acordo com as áreas profissionais, verificando-se uma disparidade maior em áreas como direito e medicina, seguindo-se gestão e engenharia. A área onde se verificou uma menor disparidade salarial entre homens e mulheres (sugerida pelo ChatGPT) foi nas ciências sociais.
Os investigadores envolvidos no estudo acreditam que este problema não poderá ser solucionado somente com uma atualização técnica, defendo no entanto que deve haver ‘standards’ éticos mais claros, processos de avaliação independentes e também mais transparência no desenvolvimento destes modelos de Inteligência Artificial.
É importante referir que um dos autores do estudo e já referido Yamshchikov é também o fundador da Pleias, uma startup que tem como objetivo desenvolver modelos de linguagem treinados eticamente.
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