Viciado em videojogos? Já é possível medir dependência dos portugueses

Uma equipa do Instituto Superior Miguel Torga (ISMT), de Coimbra, tornou acessível aos profissionais portugueses de saúde mental uma escala internacional que mede a dependência dos jovens em videojogos.

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Lusa
24/06/2025 11:33 ‧ há 5 horas por Lusa

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Videojogos

A adaptação e validação em português europeu da Game Addiction Scale-7 (GAS-7) - desenvolvida pelo investigador holandês Jeroen S. Lemmens e que avalia sete sinais de alerta - permitirá à comunidade clínica de psiquiatras e psicólogos ter uma nova escala para identificar comportamentos e níveis de dependência associados ao uso excessivo de videojogos entre os jovens.

 

"Esta escala não faz diagnóstico clínico, nenhuma escala 'per si' o faz, mas é um complemento à eventual necessidade de um diagnóstico clínico", explicou à agência Lusa a professora e investigadora do ISMT Ilda Massano Cardoso, que liderou a equipa.

Para a investigadora, a adaptação da escala é importante numa perspetiva preventiva, até em termos em saúde pública, porque em Portugal "não existe uma prevalência muito bem definida da adição aos videojogos, que é um universo muito lato, com várias plataformas".

"Nesta escala, as perguntas mais importantes relacionam-se com o deixar de ter o contacto social, o isolamento, o só se sentir feliz quando se está a jogar ou o facto de o jogar constituir alternativa à realidade", acrescentou.

Com esta escala de avaliação da saúde mental será possível perceber "se o hábito de jogar está a causar, na vida dos mais jovens, problemas como o isolamento social, sintomas de abstinência, perda de interesse noutras atividades ou dificuldade em controlar o tempo passado a jogar".

Os sete sinais de alerta avaliados por esta escala são saliência, tolerância, alteração do humor, recaída, abstinência, conflito e problemas do jogo.

"Permite avaliar com clareza se o tempo passado a jogar está a tornar-se excessivo ou prejudicial, ou seja, quando é que o jogo deixa de ser lazer e passa a tornar-se uma dependência", referiu Ilda Massano Cardoso.

Na sua opinião, atendendo a que o uso intensivo de videojogos é cada vez mais comum entre adolescentes e jovens adultos, "é essencial que os profissionais de saúde mental tenham à sua disposição instrumentos fiáveis para prevenir e avaliar situações de risco".

As perguntas feitas são diretas, como "pensaste em jogar jogos todo o dia" ou "descurou outras atividades, como ir à escola, ao trabalho ou praticar desporto, para jogar".

"O maior sinal de alarme surge quando o utilizador começa a desligar-se da vida real, deixando que o jogo ocupe um lugar central na sua existência", alertou Ilda Massano Cardoso.

A investigadora defendeu que a prevalência significativa deste problema deve motivar estratégias preventivas de saúde pública, como a regulação do uso saudável de tecnologias, programas educativos em escolas, sensibilização dirigidas a pais e educadores, apoio psicológico e formação e profissionais de saúde e educação.

"Se não conseguimos medir um problema, também não conseguimos acompanhá-lo nem tratá-lo. A GAS-7 -- PT dá-nos finalmente esse ponto de partida em Portugal", frisou.

Segundo o ISMT, "os resultados dos inquéritos exigidos pelo processo de validação em Portugal revelaram que os jovens do género masculino apresentam níveis significativamente mais altos de comportamentos aditivos ligados ao jogo do que as mulheres da mesma idade, um padrão que tem sido observado noutros países".

O processo de validação da escala pela equipa do ISMT envolveu a auscultação de jovens portugueses e resultou no estudo 'European Portuguese Version of the Game Addiction Scale-7: Factor Structure and Psychometric Properties', publicado na revista científica European Addiction Research.

A investigação foi conduzida por Ilda Massano Cardoso, em colaboração com as investigadoras Filipa Nogueira, Sofia Carvalho Figueiredo e Ana Galhardo.

Leia Também: Turismo de videojogos: Conheça sete cidades que inspiraram jogos icónicos

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