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Lisboa foi a debate e Madonna não faltou. Nem o "capricho" ou as "barbas"

Fernando Medina (PS), Teresa Leal Coelho (PSD), Assunção Cristas (CDS), João Ferreira (CDU) e Ricardo Robles (Bloco de Esquerda) estiveram esta noite na antena da SIC a debater as suas propostas para a capital do país.

Lisboa foi a debate e Madonna não faltou. Nem o "capricho" ou as "barbas"
Notícias ao Minuto

23:25 - 30/08/17 por Patrícia Martins Carvalho

Política Debate

Depois da breve apresentação daquelas que são as prioridades de cada candidato, o debate começou a debruçar-se sobre os vários temas que são, considerados por todos os candidatos, estruturantes para a cidade de Lisboa. 

A política habitacional foi a primeira a ser debatida com Fernando Medina a assegurar que a sua prioridade é a habitação para a classe média, uma posição, aliás, defendida por Assunção Cristas. Já João Ferreira, Teresa Leal Coelho e Ricardo Robles criticaram a política seguida pela autarquia neste âmbito.

A questão dos transportes foi um tema em que todos os candidatos estiveram de acordo: é preciso melhorar a rede de transportes públicos da capital e dos concelhos circundantes, pois só assim se retiram automóveis da cidade e melhor se recebe os turistas.

E o turismo foi o último tema a estar em cima da mesa, não sendo, por isso, o menos importante. O presidente da câmara deixou claro que quer que o turismo continue a aumentar, pois está a alavancar o crescimento económico da cidade. E nesta senda Fernando Medina explicou que quer propor uma alteração de lei para que sejam estabelecidas quotas para alojamento local nos bairros históricos. O objetivo é o de evitar uma enchente de Madonnas na cidade. E quanto a essa questão Teresa Leal Coelho é clara ao sublinhar que o importante é resolver os problemas da cidade, não para as Madonnas desta vida, mas para quem mora na capital todos os dias.

Habitação

Fernando Medina

Neste mandato a câmara comprou mais património do que aquele que vendeu. Dentro das principais compras foram 40 milhões para lançarmos o programa de Renda Acessível para criarmos 6 mil novas habitações na cidade de Lisboa. A nossa prioridade é a habitação para a classe média. O que vi com maior estupefação da apresentação de propostas da candidatura de Assunção Cristas é vir dizer que a sua proposta para as habitações da classe média são casas em Entrecampos a 1.300 euros por mês. Não sei de que classe média está a falar, não sei que ‘nossa Lisboa’ é essa. Ricardo, nunca prometi que trazia as pessoas para a cidade em dois anos, prometi que as trazia. Demora tempo, mas está a ser feito.

João Ferreira

O programa Renda Acessível tem dois problemas. Em primeiro lugar não preenche as lacunas que existem na habitação e tem um ritmo de concretização muito lento. É possível e necessário fazer mais. A diferença daquilo que propomos e do que propõe o CDS é o 'abaixo do preço de mercado'. O 'abaixo do preço de mercado', no estado em que está o mercado pode ser 30% abaixo como o CDS propõe - é ainda muito caro para a esmagadora maioria da população. O CDS tem um conceito de classe média 'sui generis' e mostra um desconhecimento do que hoje é a composição social de Lisboa. A câmara não pode resolver todos os problemas da habitação. O Estado tem um papel aqui. Não há quem mais tenha feito para por em causa o direito à habitação em Lisboa do que Assunção Cristas e não falo apenas na lei das rendas, falo de um governo que aprovou a legislação dos vistos gold que contribuiu para dar impulso enorme ao processo de especulação imobiliária. 

Teresa Leal Coelho

Os números que temos é que nos últimos 10 anos a câmara arrecadou em vendas 500 milhões de euros com vendas de património. A câmara é o maior proprietário de Lisboa e não reabilita. A um mês das eleições Fernando Medina entende que a habitação é uma prioridade, mas nunca foi nestes últimos anos. A prioridade foi a dinamização económica que não dependeu da atuação da câmara. A câmara realizou dinheiro e não teve a habitação como preocupação. Há muitos serviços na área da ação social que a câmara não incentivou ou financiou.

Assunção Cristas

Se há partido que trabalhou nesta área foi o CDS que, por duas vezes, no Orçamento de Estado apresentou propostas para baixar a tributação dos rendimentos prediais para o arrendamento de longa duração e que teve o voto contra do PS. O que veio baralhar as contas foi o 'boom' turístico. E falhou a ausência da autarquia. Dos 500 milhões que foram vendidos em quantos é que a autarquia disse que parte do que foi vendido teria de ser para a habitação? O que sei é que há 7 mil pessoas à espera para habitação social. Vejo casas sobrelotadas e ao lado casas fechadas (1.600) há meses e anos. É imoral. 

 Ricardo Robles

O programa Renda Acessível é a pior solução para a cidade de Lisboa e nenhuma das forças políticas aqui presentes votou contra. Em 5 mil casas, 2.500 foram entregues a fundos imobiliários privados e estes fundos ficam a recolher rendas durante 35 anos. A venda de património é um erro. O património municipal sendo o maior senhorio da cidade é um instrumento fulcral da política habitacional e foi vendido sem nenhuma condição e alimentou a especulação imobiliária. Foi um um dos piores erros desta gestão.

Transportes e mobilidade

Fernando Medina

Demora tempo a recuperar uma coisa que foi destruída [Carris]. Todos os dias entram mais de 360 mil automóveis na cidade. Este problema só pode ser resolvido com um forte investimento em matéria de transporte público dentro da área metropolitana. É preciso resolver o que não foi resolvido: modernizar a linha de Cascais, colocar transporte público na A5, a mesma coisa para Loures... É precisa uma parceria da câmara com o Governo. É precisa uma resposta decisiva para a renovação do sistema de elétricos que foi destruído na Carris. O que separa Barcelona ou Paris de Lisboa é a percentagem de deslocações que são feitas por carro ou transportes públicos. 

João Ferreira

A atual maioria quer ter em 2019 um nível de oferta e passageiros muito abaixo do que tínhamos em 2011. A Carris tem um papel estruturante. A mobilidade hoje tem que ser encarada à escala metropolitana. 

Teresa Leal Coelho

A EMEL teve receitas em 2016 praticamente de 31 milhões de euros e 15 milhões foram transferidos para a Carris para cobrir a dívida operacional da Carris. A câmara orientou a EMEL no sentido de passar a trabalhar 24 horas por dia e cada vez mais alargar as zonas onde atuar porque Fernando Medina precisa de receitas para investir na Carris. A função da EMEL, que seria estruturar estacionamento na cidade, hoje é sobretudo um banco para financiar este capricho que vem de uma exigência do PCP e que é a questão de reverter a concessão da Carris. 

Assunção Cristas

Quem acha que isto é uma questão ideológica esquece-se que o país estava na bancarrota colocado pelo PS. A grande questão é: como é que resolvemos o facto de termos 360 mil automóveis a entrarem por dia em Lisboa? Lisboa não tem uma rede de Metro adequada à população que serve e não estou apenas a falar de Lisboa concelho porque é ilusório achar que resolvemos as questões de Lisboa concelho sem olhar para toda a área metropolitana. O nosso plano de expansão do Metro tem rasgo e ambição, está pensado e é possível - haja vontade política. Gostava de perguntar ao senhor Fernando Medina: não acha bem estender o Metro até Algés? Até Loures? Acha que é a Carris que vai resolver esse problema? Eu acho que não. É realista falar nas 20 estações que nós analisámos e custa 1,8 mil milhões de euros. Analisámos e vimos que a razão tem sido 1,3 estações por ano e isto é 1,5 por ano, é incrementar um bocadinho, é verdade.  

Ricardo Robles

Os transportes em Lisboa são uma prioridade porque estão à beira do colapso. Foram quatro anos de destruição do governo PSD/CDS para uma privatização que felizmente não aconteceu e isto foi feito nas barbas do PS. A Carris é do município e somos a favor disso porque só faz sentido o município gerir os seus transportes porque conhece as suas necessidades. E tem que ser financiado também pelo estacionamento. A câmara não tem tido uma palavra sobre a gestão do Metro e tem que ter. A zona ocidental da Lisboa é permanentemente esquecida.

Turismo

Fernando Medina

O turismo é bom. Se tudo correr bem vai continuar a aumentar e eu quero que aumente. O turismo é das principais atividades económicas da cidade e região, gera sozinho 80 mil empregos na cidade - representa 6 mil e 300 milhões de euros. Temos é que adaptar a cidade para este crescimento. Onde é que estas tensões se colocam? Nos transportes: a resposta não é menos turismo, é mais transporte. Na higiene urbana: temos mais pessoas no espaço público e precisamos de investir mais nos serviços de higiene urbana e alterar as rotinas como funcionam. Nos bairros históricos e acesso à habitação nos bairros históricos: temos uma proposta de podermos pedir uma alteração à lei do alojamento local que permita que a câmara autorize o estabelecimento de quotas para o alojamento local nos bairros históricos. Não é vedar  o alojamento local. É cuidar que em bairros históricos preservemos que as pessoas possam lá viver. É importante que não se transformem os bairros em presença excessiva de alojamento local. Nestes bairros só permitimos 'x' percentagem de alojamento para alojamento local e o restante tem de ser alojamento residencial.

João Ferreira

Temos que definir o que queremos com o turismo, com que meios nos vamos dotar para alcançar esses objetivos. O grande erro da atual gestão municipal foi pensar que, deixando nas  mãos do mercado o desenvolvimento do turismo, tudo se haveria de arranjar. O factor de constrangimento dos transportes não está a ser resolvido. Mas vejo com satisfação esta proposta de condicionar e regular o alojamento local, mas é uma posição recente do PS.

Teresa Leal Coelho

Madonna não vem viver para Lisboa para passar uma hora dentro do carro para levar os filhos à escola. Ela não vai viver a cidade que as pessoas que cá vivem têm que viver. Temos que corrigir os problemas para essas pessoas e não para a Madonna. Relativamente à quota para o alojamento local preocupa-me porque isso significa que o alojamento local vai instalar-se noutras zonas de Lisboa. Como se vai aplicar essa quota? Quem pode praticar esta atividade? Quando apresentamos medidas temos que ver qual o impacto para aqueles que já investiram. Só o facto de anunciar a quota pode ter repercussões negativas no mercado.

Assunção Cristas

O turismo é importante para a nossa cidade, obviamente que tem de haver gestão urbana. Dizer agora que é preciso mais transportes, mais higiene urbana, com certeza que sim, mas até agora não foi feito nada. Não ouvi Fernando Medina pronunciar-se sobre o Metro. Qual é a visão estratégica para os transportes em Lisboa até 2020? Fernando Medina tem de responder pelo trabalho dos últimos anos.

Ricardo Robles

O turismo está a crescer, é importante para a cidade mas são precisas regras. Até hoje de manhã não tinha ouvido uma palavra do presidente da câmara sobre isso. A questão da taxa turística: propomos um acréscimo de um euro. Mas a grande diferença é que não podemos entregar este valor aos donos dos hotéis. Este valor tem de ser gerido pela câmara e ser aplicado na compra de habitação para ser arrendada a custos controlados.

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