Num artigo de opinião que assina na Acção Socialista, António Correia de Campos diz que a actual situação política deixou o PSD com uma “azia prolongada, desconfortável” e que “chega a ser dolorosa”.
Para esse sentimento, enumera, contribuem vários fatores: “A perda da capacidade de constituir uma maioria para governar, a longa proteção que o anterior Presidente lhe concedeu, a convicção de que só ele detinha a chave para sair do labirinto da austeridade auto-infligida, o acintoso desprezo que votava às esquerdas”.
No entender do antigo ministro da Saúde, a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente era uma esperança do PSD tinha em “repor o direito natural com que a direita assume o poder”, mas acabou por não ser isso que aconteceu, pois só “afastou a sensação de dor temporária, mas não agiu sistemicamente”. A aparente boa relação entre Marcelo e António Costa, desde os discursos no Parlamento às reuniões com o primeiro-ministro só vieram “exacerbar a dor estomacal”.
A tudo isso acrescem ainda as esperanças, deitadas por terra, nas instituições europeias: “Esperava-se que Bruxelas recusasse o Orçamento. Em vão. Esperava-se que o spread da dívida soberana castigasse a esquerda intrusa, a querer ombrear com os bem comportados. Em vão. Esperava-se que as agências de rating viessem repor a ordem natural de não deixar governar a esquerda. Em vão”.
Correia de Campos vai mais longe e diz até que o “slogan” utilizado por Passos Coelho durante a campanha eleitoral foi “um disfarce que não lhe assentou bem e o discurso saiu pífio”, o que o levou a “acumular acidez, dispepsia e irritação”.
Em jeito de conclusão, o socialista deixa uma recomendação ao antigo primeiro-ministro, que hoje lidera a oposição: “Vai ter de pedir uma consulta médica ao Presidente. Como se viu na campanha, este conhece tudo sobre azias e más digestões. Sabe bem como "forrar o estômago". Vai recomendar-lhe o "omeprazol" do bom-senso”.