Heloísa Apolónia começou as suas intervenções de forma bastante agressiva e direcionada, falando num Governo de coligação que “mentiu” aos portugueses e acusando, inclusive, Paulo Portas de falta de palavra devido ao episódio da “demissão irrevogável”.
Paulo Portas, por seu turno, desvalorizou as ideias do PEV, dizendo que os partidos do arco de governabilidade são aqueles que aceitam “partilhar responsabilidades”, existindo outros que se situam fora desse círculo. “O PEV e o PCP preferem não assumir consequências e isso causa desconfiança”, atirou.
Nacionalizar os setores estratégicos custaria 28 mil milhões de euros
Heloísa Apolónia continuou o seu discurso criticando as estratégias defendidas pelo programa da coligação, em especial as privatizações, defendendo a nacionalização de setores estratégicos, como a energia.
“O que é que significa nacionalizar os setores estratégicos? Significa nada menos do que um custo de 28 mil milhões de euros. É um ano inteiro de IVA e IRS”, contrapôs Portas. “O Estado não é bom proprietário e não é bom gestor e eu acho que essa prova já foi feita há muito tempo”, rematou.
Um dos temas em que os dois candidatos mais chocaram foi num possível cenário de saída do euro, uma posição desde sempre defendida pelo PEV. Heloísa Apolónia sublinhou que desde que Portugal entrou no euro “o investimento desceu e a dívida caiu”, referindo que é uma “irresponsabilidade” não preparar o país para o dia em que a Europa o ponha “entre a espada e a parede”.
“E o custo da alternativa?”, questionou Portas. “Toda a gente lá em casa terá percebido que a senhora deputada não apresentou remédios para o problema da saída do euro”, acrescentou o vice-primeiro-ministro.
Desemprego, estágios e a ‘lógica da melancia’
Heloísa pôs então em cima da mesa o tema do desemprego, das emigrações e dos estágios, indicando que a coligação apresenta “números falaciosos” pois não conta com quem já foi embora do país, nem com quem não tem contrato de trabalho.
Portas acusa a deputada de “não fazer um serviço à verdade” com os números da emigração e de não ter feitos "os trabalhos de casa". O vice acusa Heloísa de “confundir emigração temporária com permanente”. “Acha que o Erasmus ou o InovJovem são emigração?”, indagou.
É nesta altura, no âmbito dos estágios, que Portas apresenta um gráfico das câmaras municipais da CDU que praticam, precisamente, estágios para o emprego de colaboradores. “Portanto, quando o Governo faz é uma coisa, mas quando são as câmaras da CDU é outra?”, atirou.
No calor desta discussão Portas ainda lança uma “ironia”: “O PEV é um bocadinho para a melancia, verde por fora e encarnado por dentro”, afirmou. Heloísa respondeu não ter “graça nenhuma”.