"A senhora ministra disse no Parlamento, e estava a responder ao Chega, o deputado Rui Cristina, e disse, olhos nos olhos, «quando vier a resposta dos relatórios, se tiver de ser assumida alguma responsabilidade, eu cá estarei para assumir». Então eu diria que hoje, olhos nos olhos do país, é o tempo de assumir essa responsabilidade", considerou André Ventura, em declarações aos jornalistas, após uma audiência com o Presidente da República, no Palácio de Belém.
Interrogado sobre se essa responsabilidade deveria ser uma demissão, Ventura remeteu a decisão para a própria, e insistiu que Ana Paula Martins "não devia ter entrado sequer" no Executivo.
A Inspeção-geral da Saúde concluiu que um utente que morreu de enfarte, em outubro, em Bragança, após o INEM demorar uma hora e vinte a chegar, poderia ter sobrevivido se o socorro fosse imediato, mas não culpa os trabalhadores.
Nas conclusões do inquérito a que a Lusa teve acesso, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) diz que o utente, de 86 anos e que morreu de enfarte de miocárdio a 31 de outubro de 2024, durante a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar, tinha uma probabilidade de sobrevivência, embora reduzida.
Ventura considerou que esta conclusão "vai direto ao coração do Governo e à senhora ministra da Saúde".
"Relatório atrás de relatório é validada à posição que o Chega teve desde o início: tem que se assumir responsabilidades quando há mortes evidentes que estão a acontecer no sistema de saúde por força da inação do Governo", argumentou.
Ventura defendeu que quando uma ministra ou um primeiro-ministro entendem "que não devem ser retiradas responsabilidades políticas, entramos no país da total impunidade".
"Eu sei que a senhora ministra vai dizer outra vez que assumir responsabilidade não é ir embora, não é tirar ninguém da equipa, é decidir, e fazer. Só que começa a passar três meses, seis meses, nove meses, um ano, um ano e meio, um ano e seis meses, e o fazer não se traduz em nada", criticou.
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