O presidente do Chega acusou hoje o Governo de "eleitoralismo rasca", ao anunciar um suplemento extraordinário para pensões atribuído antes das eleições autárquicas, e propôs negociar com o executivo uma pensão mínima equivalente ao salário mínimo nacional.
"Temos que dizer a verdade: é muito estranho um Governo que tem eleições em outubro [autárquicas], atribuir um suplemento extraordinário em setembro. Dá um ar de francamente de eleitoralismo rasca. Há umas eleições em outubro, dá-se umas migalhas em setembro. Não é positivo, não é uma boa lógica", criticou André Ventura.
O líder do Chega falava aos jornalistas à margem da apresentação dos candidatos autárquicos do Chega ao distrito de Setúbal na Charneca de Caparica, concelho de Almada, e fazia referência ao diploma do Governo, promulgado hoje pelo Presidente da República, que prevê a atribuição de um suplemento extraordinário para as pensões até 1.567,50 euros, atribuído em setembro.
Ventura salientou que Portugal "tem um problema sério", com pensões baixas e disse querer negociar com o Governo "que este aumento de pensões seja superior e se vá aproximando progressivamente -- porque esse tem que ser o objetivo - de ter uma pensão mínima equivalente ao salário mínimo".
"Não dá para fazer num ano ou em dois, mas dá para começar a caminharmos para aí", argumentou.
Já sobre a descida do IRC, medida também anunciada pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, durante o debate sobre o estado da nação, e que ainda terá que passar pelo crivo dos deputados, Ventura afirmou que quer conversar com o chefe do executivo no início de setembro "para garantir que também a derrama -- que afeta muitas empresas e sobretudo a que mais empregados têm - possa descer significativamente".
"E eventualmente chegarmos ao Orçamento do Estado com a garantia de que temos uma baixa no IRS, que o Chega já conseguiu para os que ganham menos, de IRC entre acordo com o Governo e também da derrama estadual para as empresas. Eu diria que até para cortarmos com o passado socialista e com o PS é um bom início de conversa e um bom ambiente com que chegamos à negociação para o OE", afirmou.
O Governo aprovou hoje, em reunião de Conselho de Ministros, uma proposta de lei para que a taxa de IRC passe dos atuais 20% para 19% em 2026 e que, nos dois anos seguintes, o imposto sobre os lucros das empresas volte a baixar, com uma redução da taxa geral para 18% em 2027 e um corte para 17% em 2028.
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