Carlos Abreu Amorim fez hoje o encerramento, em nome do Governo, do debate do estado da nação, no parlamento, e reiterou a tese de que o Governo PSD/CDS-PP herdou "uma realidade descontrolada" dos executivos PS em matéria de imigração.
"Temos assistido à propagação de uma versão dos factos incompleta e errada que acusa o Governo e a sua maioria parlamentar de preferirem um entendimento com o Chega ao invés do PS. Sejamos sérios: como teria sido possível alcançar nesta matéria um acordo com o Partido Socialista?", questionou.
Para o ministro, o PS ainda não reconheceu "os erros que cometeu", "deles nunca se arrependeu" e "nega a própria existência do problema", contestando os números e os seus impactos.
"Não terá sido o próprio Partido Socialista a prescindir de fazer parte da solução?", perguntou, defendendo que foram os socialistas "a excluir-se" da solução.
No final de cerca de cinco horas de debate no parlamento, Carlos Abreu Amorim procurou colocar, como tem feito o primeiro-ministro e outros ministros, o executivo PSD/CDS-PP no centro do panorama político.
"Quando o mundo vive tempos de aflição e as vozes dos extremismos de esquerda e de direita parecem aliciar tantos daqueles que sempre preferiram a prudência e a sobriedade na ação política, fica aqui o nosso compromisso com os portugueses: podem confiar neste Governo, nós somos a garantia da moderação e a confiança na integridade da lógica democrática e institucional", afirmou.
O ministro defendeu, tal como o primeiro-ministro na intervenção de abertura, que o atual executivo tem "uma nova forma de fazer política, essencialmente focada na resolução de problemas concretos, constantemente inconformada e propositadamente abstraída do jogo estéril das confrontações inconsequentes".
"Nos próximos quatro anos, a ação e a estratégia deste executivo serão assinaladas pela vontade transformadora e por um espírito reformista e de realização concreta que consiga romper com o imobilismo crónico que estigmatizou tantas políticas públicas ensaiadas nas últimas décadas", assegurou.
Abreu Amorim enquadrou as decisões tomadas pelo Governo no seu primeiro mês em funções como "a clara expressão de um novo ciclo político", caracterizado pela "ambição, de moderação e de compromisso com o país".
Numa intervenção em que citou os políticos britânicos Margaret Thatcher e Winston Churchill e várias figuras literárias nacionais, o ministro dos Assuntos Parlamentares deixou um aviso à oposição, pedindo-lhe "igual coragem em subordinar as divergências imóveis no tempo ao interesse nacional".
"Não estaremos disponíveis para conversações inócuas que empatem as decisões imprescindíveis. Não alimentaremos rondas negociais que apenas sirvam para que se perca o rumo. Não proclamaremos entendimentos que nunca terão hipótese de se efetivarem", assegurou, dizendo que o Governo não se prestará a "encenações retóricas que adiem a transformação".
[Notícia atualizada às 20h24]
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