"Acho que, neste momento, é importante que exista uma reflexão dentro do partido e uma união como se calhar nunca existiu. E, portanto, também acho que, neste momento, cabe à direção em gestão, e a quem tem responsabilidades no partido, que haja uma união em torno de uma direção que tome um rumo claro de crescimento para o partido", afirmou Rui Malheiro, em declarações à agência Lusa.
Na última convenção da IL, em fevereiro, Rui Malheiro obteve 26,6% dos votos na eleição para a liderança do partido, contra os 73,4% de Rui Rocha.
Agora, dois dias depois de Rui Rocha apresentar a sua demissão da liderança da IL, Rui Malheiro disse que "veria com muito bons olhos" que houvesse uma "candidatura unificadora" à liderança do partido, considerando que poria fim "a alguma crispação e a algumas quezílias" internas.
"Caso isso não ocorra, caso continue a haver uma corrente, dentro do partido, de pensamento único, poderei ponderar uma recandidatura", advertiu.
Questionado se isso significa que apoiaria uma candidatura que integrasse a visão e alguns membros do movimento "Unidos pelo Liberalismo", através do qual se candidatou na última eleição interna, Rui Malheiro respondeu que não se trata apenas de integrar o seu movimento, mas todas as correntes internas do partido.
"Há várias correntes de pensamento dentro do partido e acho que uma candidatura unificadora, neste momento, seria a chave dos sucessos para o partido, com uma visão clara e abrangente sobre a forma como queremos colocar Portugal a crescer", indicou, pedindo à direção do partido que "pense muito seriamente" sobre essa eventual candidatura.
Sobre a personalidade que considera mais adequada para encarnar essa candidatura unificadora, Rui Malheiro disse que há, neste momento, dois membros que têm sido nomeados e que "partem com alguma vantagem", referindo-se à líder parlamentar Mariana Leitão e ao deputado Mário Amorim Lopes, mas ressalvou que essa candidatura não depende de personalidades.
"É uma questão de vontade: se estas pessoas têm vontade de unir o partido ou se querem adotar o que até hoje foi adotado, que é uma corrente de pensamento único e, quem não concorda, não faz parte dessa direção ou desse movimento diretivo do partido", afirmou.
Caso essa candidatura unificadora não se concretize, Rui Malheiro admitiu avançar com uma candidatura própria, mas ressalva que essa decisão depende do que for decidido na próxima reunião do Conselho Nacional da IL, no dia 15, designadamente se as eleições internas são convocadas rapidamente ou apenas após as autárquicas.
"Logo avaliarei se tenho condições de me recandidatar ou não", disse.
Sobre a demissão de Rui Rocha, este sábado, Rui Malheiro admitiu ter ficado surpreendido, apesar de considerar natural que o ex-líder tenha optado por sair tendo em conta que a IL não cresceu tanto quanto ambicionava nestas legislativas -- teve mais um deputado do que em 2024.
No entanto, o ex-adversário de Rui Rocha critica o 'timing' da decisão, considerando que não teve em conta os "superiores interesses do partido" e faz com que a IL fique "muito mais fragilizada" a poucos meses das eleições autárquicas.
"O processo das eleições autárquicas já retomou e, de certa forma, será fragilizado por esta situação e os núcleos e as pessoas que se vão candidatar acho que deviam ter sido consideradas para que esta toda situação se passasse depois das eleições autárquicas ou até depois das presidenciais", sustenta.
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