"Há projetos perigosos para a escola. Eu relembro que, por exemplo, a Iniciativa Liberal tem no seu programa a redução de funcionários administrativos para poupar 1500 milhões de euros. Se fizermos as contas isso quer dizer que tinham que sair todos os funcionários administrativos do Estado. Todos. Não sobrava um", criticou Mariana Mortágua.
A líder bloquista falava aos jornalistas à margem de uma iniciativa de campanha para as legislativas de dia 18 na Escola Básica Nuno Gonçalves, na freguesia da Penha de França, em Lisboa, altura em que foi questionada sobre se a considera que a IL é uma ameaça para a escola pública.
"Óbvio que é. A IL e a direita. Há uma enorme vontade de atacar tudo aquilo que não foi mercantilizado, tudo aquilo que não foi posto na esfera do mercado", alertou a bloquista, que considerou que o projeto da direita é "terminar de privatizar" serviços públicos como a educação, a saúde e a Segurança Social.
Mortágua argumentou que é por isso que existem propostas como a do cheque-ensino e rejeitou a "liberdade de ter escolas para ricos e escolas para pobres".
"Não queremos a liberdade de ter ensino de elite para quem pode pagar e um ensino para todos os outros. Nós sabemos como é que isso funciona noutros países. Faz da escola um reprodutor de desigualdades e nós queremos que a escola seja um reprodutor ou um produtor de igualdade. E o projeto da direita é outro, é um projeto de divisão e de desigualdade", acusou.
A bloquista voltou a criticar a regra imposta até 2015 pela 'troika' de entrada de apenas um funcionário público por cada saída de dois, argumentando que o resultado de uma política de "cortar as gorduras do Estado" -- preconizada pela IL - originou dificuldades no acesso a serviços públicos desde a justiça, passando pela saúde e pela educação.
"O Estado é a nossa cola social e quem disser o contrário é porque está a tentar uma agenda de privatizar serviços públicos e de dividir a sociedade", argumentou.
A cabeça-de-lista do BE por Lisboa visitou hoje a Escola Básica Nuno Gonçalves, que vai albergar a partir do próximo mês em monoblocos, no parque de estacionamento, cerca de 88 alunos deslocados de uma outra escola do mesmo agrupamento (Escola Básica Natália Correia), obrigados a sair daquele local na sequência de fissuras no edifício provocadas por uma obra vizinha.
Ricardo Rodrigues, representante dos pais da Escola Básica Natália Correia, alertou que o edifício original "está em risco de ruir" e frisou que o regresso àquele local pelos alunos "não está garantido".
Mas a escolha do local para a visita não foi apenas para alertar para problemas. A comitiva bloquista, que incluiu a candidata à Câmara Municipal de Lisboa, Carolina Serrão, quis também dar esta instituição, que tem cerca de 500 alunos de 55 nacionalidades, como um exemplo de integração.
"É o Estado e as escolas do Estado que permitem a uma criança portuguesa crescer ao lado de uma criança do Bangladesh, ou do Paquistão, ou da Ucrânia, ou de seja qual for o país. Eu tenho a certeza que essa criança, que quando foi criança teve um amigo do Bangladesh, ou do Paquistão, ou da Ucrânia, vai ser um adulto melhor", sustentou.
A visita percorreu alguns espaços da escola como a "biblioteca antiga", sítio onde além de livros estão à disposição instrumentos musicais como uma bateria e um piano.
A música, salientou Vasco Gonçalves, diretor do Agrupamento de Escolas Nuno Gonçalves, também é utilizada como forma de integrar alunos que ainda não dominam o português.
Para a restante campanha, Mariana Mortágua levou na lapela do casaco uma pequena flor, oferecida pelo centro de apoio à aprendizagem para alunos com necessidades especiais, outro dos espaços que esta escola oferece.
[Notícia atualizada às 17h42]
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