Vozes do Partido Socialista (PS) têm-se posicionado sobre a escolha de um candidato apoiado pelo partido nas presidenciais de 2026, mas afastam a necessidade de ter já um nome concreto para as mesmas.
Um manifesto, subscrito por cerca de uma centena de militantes do partido, pediu, na sexta-feira, um referendo interno com o intuito de eleger um candidato que o PS vai apoiar nas eleições presidenciais, em 2026. Os militantes sublinham que esta decisão deve ser alargada e não ficar restrita a dirigentes.
"A realização do referendo fortalecerá a democracia interna do partido, porque permitirá que essa tomada de decisão seja o mais alargada possível e não apenas centrada num pequeno grupo de dirigentes e que conte com a participação ativa dos militantes e dos simpatizantes do partido", frisou o ex-candidato a secretário-geral do PS Daniel Adrião, um dos subscritores iniciais do manifesto, à agência Lusa.
No parlamento, questionado por jornalistas, chegou a vez do líder do PS, Pedro Nuno Santos se pronunciar sobre este referendo. O secretário-geral do partido entende que "este não é o momento ainda da decisão, este é o momento dos diferentes candidatos manifestarem a sua vontade" e garante quando "chegar o tempo da decisão, o PS decidirá".
Pedro Nuno Santos enfatiza que "não só é o PS que ainda não decidiu o apoio a um candidato presidencial", sublinhando que "nenhum partido ainda decidiu o apoio aos candidatos presidenciais".
Por sua vez, o antigo líder socialista Ferro Rodrigues manifesta, em declarações à mesma agência, a sua opinião reiterando que "não é o tempo para decidir quem é o candidato apoiado pelo PS".
Sublinha, no entanto, que "é o tempo - e é cada vez mais urgente - para decidir a metodologia para haver um candidato do PS, com um apoio que venha a ser substancial e com possibilidades de ganhar ou pelo menos de ir à segunda volta".
Ferro Rodrigues defende "deve haver primárias abertas" e diz que "abertas é no duplo sentido: na admissão de candidatos e de haver não apenas militantes do PS a votar. É uma proposta de primárias como houve em 2014 quando foi a opção para escolher o candidato a primeiro-ministro entre o António José Seguro e o António Costa".
O socialista entende que o aparecimento de "não sei quantos nomes em sondagens só serve para criar confusão".
As primárias ganham ainda mais força apoiadas por Augusto Santos Silva que entende que esta proposta é "uma ideia que merece reflexão".
"Evidentemente, é preciso deixar à direção do PS o tempo necessário para amadurecer essa reflexão e decidir. Umas primárias têm duas vantagens: a primeira é que impedem ou previnem que se apresentem candidaturas tão consolidadas que, depois, seja difícil voltar atrás, e permitem um debate aberto entre as pessoas interessadas. É um caminho para que, depois, se possa estar unido, porque haverá uma escolha e certamente todos aceitarão essa escolha", esclareceu, em declarações à RTP.
Augusto Santos Silva alinhou-se aos ideias de Pedro Nuno Santos e considerou também que "há muito tempo" e afirmou estar de "de acordo com o secretário-geral do PS quando ele diz que ainda não é o tempo de decidir".
Sublinha, ainda, que "não faria sentido reduzir ou restringir o processo de escolha apenas àqueles que sejam militantes do PS".
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