Entre estreias e regressos, deputados assumem sentido de responsabilidade
Nas estreias e regressos, o sentido de responsabilidade reina entre alguns dos novos deputados que iniciaram hoje funções na Assembleia da República e que admitem sentir entusiasmo mas também ansiedade numa espécie de primeiro dia de aulas.
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Política Assembleia da República
Pouco depois das 09:00, a fila de deputados já se alongava na Biblioteca Passos Manuel, onde, durante uma semana, será feito o acolhimento dos eleitos para a XVI legislatura. Alguns já conhecem os cantos à casa, mas para outros é mesmo uma novidade.
É sobretudo para esses que a ajuda dos funcionários do parlamento tem sido essencial. "Já me perdi algumas vezes, mas temos cá gente que nos tem ajudado nestas primeiras horas", admitiu Jorge Pinto, o deputado do Livre eleito pelo círculo do Porto, que assegura que não se perderá "nas ideias, nos propósitos e nos princípios".
À chegada à garagem, alguns funcionários do parlamento iam logo encaminhando os novos deputados e na receção outra equipa dava as primeiras indicações para o acolhimento.
De lista na mão com o nome dos deputados e fotografia - para ajudar a distinguir as novas caras - explicavam quais os documentos necessários e para onde deveriam dirigir-se para a emissão do cartão de deputado, com direito a fotografia, e preenchimento dos vários formulários necessários.
Em caso de dúvida, espalhavam-se cartazes com um código QR que remetia para um separador na página da Assembleia da República com todas as informações essenciais.
"Também demorei algum tempo a encontrar os caminhos no Parlamento Europeu, mas os caminhos físicos, não os da política. Em relação a isso, não tenho nenhum receio de me perder, até porque estamos num contexto político muito diferente, em que é preciso uma esquerda forte", disse a bloquista Marisa Matias.
A antiga eurodeputada do BE traz de Bruxelas uma longa experiência política, mas não esconde o nervosismo, que diz estar, inevitavelmente, ligado à responsabilidade.
Esse sentido de responsabilidade foi o mais repetido entre os novos deputados. Também estreante, o deputado da IL por Aveiro, Mário Amorim Lopes, afastou o nervosismo e explicou que, acima de tudo, "há a responsabilidade de cumprir".
Este é um sentimento partilhado por Francisco Assis, para quem os corredores da Assembleia da República são bem conhecidos e que volta a percorrer passados há 10 anos.
"Sinto-me bem, com a satisfação de ter sido eleito e com o sentido de responsabilidade de quem vai agora iniciar um novo mandato", disse o agora deputado socialista, que espera um bom ambiente e "a máxima elevação possível".
Num duplo regresso, o líder do CDS-PP, Nuno Melo, considerou que hoje é um "dia muito feliz", por marca não só o seu retorno como deputado, 15 anos depois, mas sobretudo o do partido, que em 2022 perdeu a representação parlamentar.
"O CDS-PP não se mede por dois anos absolutamente conjunturais de ausência, mede-se por 47 anos de pertença", afirmou o até agora eurodeputado Nuno Melo, que se vestiu a rigor com um 'pin' na lapela "do tempo da fundação" do partido. "É como nós, está aí para durar", brincou.
Pelas 10:00, as formalidades da "praxe" foram interrompidas para a primeira reunião plenária, presidida pelo comunista António Filipe, que durou cerca de 10 minutos, dando às equipas do acolhimento um breve intervalo.
Foi já depois da sessão que o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, se dirigiu à Biblioteca Passos Manuel. Aos jornalistas, partilhou um sentimento de determinação e disse: "Não é sorte de principiante, é vontade e determinação de principiante".
Entre o acolhimento e o plenário, pelos vários corredores da Assembleia, o ambiente fazia lembrar o primeiro dia de aulas com encontros e reencontros entre os deputados, muitos com o saco de pano ao ombro que lhes foi entregue no acolhimento com alguns livros e cadernos.
Foi assim descrito também por Eduardo Oliveira e Sousa, o antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal que inicia agora um novo percurso.
"Não sou propriamente um jovem muito jovem, mas sinto-me renovado. Parece que estou a voltar ao liceu", descreveu o deputado eleito pelo PSD.
Entre as muitas estreias, contavam-se também os 38 novos deputados do Chega, incluindo a deputada mais jovem, Madalena Cordeiro, de apenas 20 anos. No entanto, o partido informou a Lusa que nenhum estaria disponível para prestar declarações sem que tal fosse previamente acordado, ainda que Diogo Pacheco de Amorim tenha depois falado a alguma comunicação social.
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