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António Vitorino pede que não se dê "tiro no escuro" com AD

O antigo comissário europeu António Vitorino apelou hoje a que não se dê um "tiro no escuro" com a AD, perante um contexto de incerteza internacional, e advertiu que o voto de protesto não resolve a origem do descontentamento.

António Vitorino pede que não se dê "tiro no escuro" com AD
Notícias ao Minuto

22:50 - 07/03/24 por Lusa

Política António Vitorino

Num discurso num comício do PS em Aveiro, António Vitorino, ex-diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações, advertiu que "o mundo está perigoso" e os tempos "que se avizinham não vão ser fáceis", com uma guerra na Europa e o "massacre em curso na Faixa de Gaza", várias economias europeias a entrar em recessão e uma tensão crescente entre os Estados Unidos e a China.

"Não tenhamos por isso ilusões: a decisão que vamos ser chamados a tomar no próximo dia 10 de março é crítica, não apenas para o futuro do nosso país, mas para a forma como nos vamos posicionar neste mundo conturbado em que vivemos", sublinhou.

Vitorino, que foi também ministro, defendeu que no atual contexto é importante ter experiência governativa, porque quem a tem sabe que "governar é antecipar riscos, é prever e planear opções alternativas para todos os cenários, é mobilizar a sociedade no seu conjunto para enfrentar os desafios".

"Por isso, temos de explicar aos nossos concidadãos que estes não são tempos para dar tiros no escuro, para fazer apostas em quem não tem experiência governativa. O voto deve ser no PS para garantir a estabilidade governativa, o diálogo social e o nosso inquebrantável compromisso com o projeto europeu. O PS é o voto seguro", defendeu.

Perante uma sala cheia no Centro de Congressos de Aveiro, com várias pessoas a ouvirem o discurso de pé nas alas laterais, Vitorino criticou o PSD, salientando que, na última vez que exerceu funções governativas, quis aproveitar a 'troika' para "aplicar uma receita ao país que pusesse alguns dos fundamentos essenciais do Estado social".

"Agora, eu vejo que nos acusam a nós de sermos muitos ideológicos... É uma acusação curiosa: o que é que eu então devo chamar àquilo que significava ir além da troika? Não era um 'flirt' descarado do PSD e do CDS com as teorias neoliberais e nada mais ideológico do que o neoliberalismo?", afirmou.

Salientando que a ideologia "não tem lepra", Vitorino ressalvou, contudo, que "convém dizer ao que se vem e para onde se vai".

"E nada nos garante que, apesar de todos os disfarces desta campanha eleitoral, se tivermos de voltar a viver tempos difíceis, o PSD e o CDS não descobrem que afinal querem voltar ao tempo em que queriam ir além da troika", avisou.

Depois de elogiar os últimos oito anos governativos e o programa eleitoral do PS, Vitorino quis dirigir uma palavra aos indecisos e aos descontentes, começando por referir que a "abstenção é uma desistência da democracia".

"É preciso compreender que o sistema democrático não é perfeito, mas, ao mesmo tempo, as pessoas têm de perceber que só a democracia é um sistema aperfeiçoável na liberdade se nós exercermos o nosso direito de voto", frisou.

Depois, Vitorino dirigiu-se aos insatisfeitos para advertir contra o voto de protesto, salientando que a sua eficácia se esgota "no preciso momento em que ele é feito na cabine de voto" e não contém qualquer "energia produtiva e construtiva".

"Pode ser um grito de alma, mas esse grito de alma não vai contribuir para resolver nenhum dos problemas que estão na base do descontentamento que pode levar as pessoas a votar na direita extremista e radical, racista, xenófoba e antidemocrática", avisou.

Antes, a presidente da Associação dos Reformados e Pensionistas (APRe), Maria do Rosário Gama, apelou ao voto no PS, recordando as várias tentativas de cortes das pensões feitas pelo PSD e CDS durante o período da 'troika', muitas impedidas pelo Tribunal Constitucional.

"Nessa época, fomos considerados uns malandros que nada faziam e os novos andavam a trabalhar para nós. Só falta mesmo dizer que os velhos deviam morrer. Para a direita, somos despesa inútil e descartável, não vão pensar duas vezes nesta poupança", criticou, recordando ainda que o PSD e CDS quiseram cortar o subsídio de férias aos reformados alegando que "estavam sempre de férias".

Já o presidente da federação distrital de Aveiro do PS, Jorge Sequeira, sublinhou que estas são as eleições "mais importantes" desde a eleição da Assembleia Constituinte, em 1976, e referiu que a escolha que está em causa "é cristalina"

"Ou optamos pelo milagre económico, como o atestou o insuspeito Paul Krugman [prémio Nobel da Economia], ou apostamos em quem quis ir além da 'troika', empobrecendo o país de forma deliberada", frisou.

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