"A APA passou a ser uma via verde para o Governo dar carta-branca a vários projetos", afirmou Inês de Sousa Real, referindo-se ao Data Center que a empresa Start Campus, envolvida na Operação Influencer, está a construir em Sines.
Este projeto, "onde estão a ser investidos mais de dois mil milhões de euros num Data Center", avançou "sem que tenha havido um diálogo com a população e sem percebermos que tipos de postos de trabalho vão ser criados", acrescentou.
A porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza falava aos jornalistas à margem de uma ação de protesto pela não abertura da Lagoa de Santo André ao mar, no concelho de Santiago do Cacém.
A ação de protesto foi convocada por autarcas e população local depois de a APA ter alegado que não tem "a competência legal para a abertura da lagoa" de santo André ao mar devido a "constrangimentos financeiros".
Junto da população, Inês Sousa Real lembrou os valores deste território "do ponto de vista do turismo de natureza, do surf, do desporto" e criticou a APA por "mais uma vez demitir-se daquela que é a sua função".
Para a porta-voz do PAN, a "Agência Portuguesa do Ambiente deveria estar ao lado do ambiente e não contra os valores ambientais e aquilo que verificamos é que estão sempre a correr contra o prejuízo".
"Neste momento, a APA já veio dizer que, provavelmente, vai abrir a lagoa ao mar, mas não podemos voltar a ter estes atrasos. O facto de já estarmos a passar do dia 15 [deste mês] implica depois interferir com a nidificação das aves, implica interferir com o sistema natural desta lagoa e pôr em causa mais uma vez a oxigenação da água e garantir aquilo que é a sua renovação natural", afirmou.
Sobre a participação do PAN numa ação de protesto convocada por uma autarquia comunista, Inês Sousa Real defendeu que "a defesa dos valores naturais tem de ser supra partidária".
"Para o PAN há questões que estão acima daquilo que possam ser as nossas diferenças ideológicas e políticas, independentemente da câmara municipal que possa estar à frente da autarquia", disse.
Questionada sobre se é a biodiversidade ou a democracia que está mais em risco, no próximo dia 10 de março, Inês Sousa Real lembrou que ambas "têm estado muito esquecidas" e reforçou a sua solidariedade para com a população que se manifestou hoje contra aquilo que considerou "um crime ambiental".
"Estamos aqui para chamar a atenção para este crime ambiental que aqui está a acontecer que por força da omissão da atuação das entidades competentes estamos a deixar desaparecer a Lagoa de Santo André" que "é um património natural único para esta população", concluiu.
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