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BCE. Impacto de 20 euros é "desconfortável" e "retrato da classe média"

A social-democrata Manuela Ferreira Leite falou sobre a subida das taxas de juro, algo que "não é nada inesperado". "A grande preocupação é sobre quem recaem estas penalizações", considerou.

BCE. Impacto de 20 euros é "desconfortável" e "retrato da classe média"

A antiga líder do Partido Social Democrata (PSD), Manuela Ferreira Leite, comentou o aumento das taxas de juro em 25 pontos base, subida anunciada na quinta-feira pelo Banco Central Europeu (BCE).

"Não é nada de inesperado, nem nada a que não estejamos já habituados a acontecer. [Christine] Lagarde já avisou que não será, com certeza, a última decisão", começou por referir a social-democrata no programa Crossfire, emitido pela CNN Portugal.

"A grande preocupação é sobre quem recaem estas penalizações. E ela recai, basicamente, na classe média. Porque as classes menos favorecidas, infelizmente, não têm capacidade para entrarem em contratos de empréstimos para aquisição de casas - que é, no fundo, o grande peso que isso dá nas famílias", apontou.

Por outro lado, às famílias com "muitas posses", esta subida "não lhes fará qualquer diferença, se calhar, comprar um a pronto'".

Apontando que esta subida - que é a 9.ª consecutiva do BCE - está na ordem dos 20 euros, a comentadora reforçou que esta afeta muito a classe média. "Vinte e tal euros afetarem uma classe média é realmente o retrato do que é a nossa classe média, neste momento, neste país", afirmou, caracterizando esta classe com pessoas que estão "empregadas, licenciadas, jovens".

Não há uma palavra sobre qual é a política que vai ser seguida para alterar esta situação de uma classe média que fica fortemente penalizada porque tem agora vinte euros a mais nas suas despesas

A antiga líder social-democrata apontou que "o montante da penalização" retrata e traduz "quanto vinte euros é importante no rendimento mensal". "Isto é verdadeiramente desconfortável e muito penalizador", rematou. 

A comentadora afirmou ainda que as soluções existentes são dadas "na base de medidas", que, no entanto, têm efeito nas "pessoas de mais idade", e não nos mais jovens - que "não precisam de medidas, precisam de expectativas".

"E a expectativa não é dada por medidas, mas por políticas. Não há uma palavra sobre qual é a política que vai ser seguida para alterar esta situação de uma classe média que fica fortemente penalizada porque tem agora vinte euros a mais nas suas despesas", criticou.

O BCE anunciou, na quinta-feira, uma nova subida das três taxas de juro diretoras em 25 pontos base, tal como na reunião anterior, igualando a taxa dos depósitos mais elevada de sempre.

O comunicado divulgado após a reunião de política monetária, o BCE refere que "a inflação continua a descer, mas ainda se espera que permaneça demasiado elevada durante demasiado tempo".

A taxa de facilidade de depósito subiu, assim, para 3,75%, a taxa de juro das principais operações de refinanciamento para 4,25%, e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez aumentou para 4,5%.

O aumento em 25 pontos base coloca a taxa de facilidade de depósito no máximo histórico registado entre outubro de 2020 e maio de 2021, quando desceu para 3,50%, enquanto a taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez e a taxa das principais operações de refinanciamento nos patamares mais elevado desde outubro de 2008.

"A evolução desde a última reunião apoia a expectativa de que a inflação descerá mais no resto do ano, mas permanecerá acima do objetivo por um período prolongado. Apesar de algumas medidas revelarem sinais de abrandamento, a inflação subjacente continua a ser, em geral, elevada", explica o BCE.

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