Juros e menos apoios? Ao "Estado não compete simplesmente dar subsídios"
"Chega a deixar-nos perplexos como é que, por exemplo, um subsídio de 200 euros, uma vez, é uma ajuda. Significa que, efetivamente, as pessoas estão muito carentes", considerou Manuela Ferreira Leite.
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Política Manuela Ferreira Leite
A antiga líder do Partido Social Democrata (PSD), Manuela Ferreira Leite, comentou, esta quinta-feira, o alerta deixado hoje pelo vice-presidente do Banco Central Europeu, Luis de Guindos, sobre o aumento das taxas de juro, assim como o aviso de que os países devem recuar nos apoios por forma a atenuar os efeitos da inflação.
"Não é nada que não se esteja à espera que aconteça, nem nenhuma realidade que seja nova, a qual o Governo sabe que tem de enfrentar. Não há aqui nenhuma novidade", considerou Ferreira Leite no programa 'Crossfire', emitido pela CNN Portugal.
A ex-ministra de Estado e das Finanças declarou ainda que esperava que neste âmbito não se estivesse a "arranjar um bode expiatório para as dificuldades das famílias". "Evidentemente que há pessoas com dificuldades e que o encargo com a casa é um encargo para muitas delas, mas não nos podemos esquecer daquilo que também pode competir ao Estado fazer, que não é simplesmente dar subsídios", vincou.
Quanto a estes apoios, Ferreira Leite confessou "ter muito medo" daqueles que são pontuais. "Não são repetitivos e, portanto, a pessoa não pode ajustar a sua vida a esse [apoio]", notou.
A comentadora apontou como solução não só a descida de impostos, mas também o diferente funcionamento dos serviços públicos, com o qual poderia haver "muita poupança".
"Muitas pessoas não necessitariam de ter, por exemplo, um seguro de saúde, se o serviço de saúde funcionasse. Não precisariam de ter filhos no colégio privado ou explicações se o ensino público fosse competente", exemplificou, referindo que, no último caso - o ensino público - "neste momento, está com enormes lacunas em relação a outros graus de ensino".
"Ou é com políticas de alteração ou daqui a um ano ou dois continuamos a falar do mesmo", considerou, depois de defender que subsídios pontuais mostram como a carência da população. "Chega a deixar-nos perplexos como é que, por exemplo, um subsídio de 200 euros, uma vez, é uma ajuda. Significa que, efetivamente, as pessoas estão muito carentes", rematou.
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