Ana Gomes comentou a entrevista que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, concedeu ao Público e à RTP, na última quinta-feira, dia em que completou sete anos na Presidência, considerado que o chefe de Estado foi "analista, tranquilas" e "inconsequente".
"Tivemos o Presidente analista, traquinas, que se diverte, com traquinice, e o Presidente inconsequente", começou por dizer a antiga eurodeputada, no seu habitual espaço de comentário, na SIC, este domingo.
Lembrando que Marcelo disse que, na referida entrevista, não estava a pôr "a mão por baixo do Governo", no sentido de dar apoio, Ana Gomes considerou que o Presidente da República tem, na verdade, posto a mão por baixo do primeiro-ministro, António Costa.
"O Presidente, ele próprio explicou, que não estava a por tanto a mão por baixo neste dia, com a análise que fez do Governo. No fundo, não é por baixo do Governo que tem posto a mão, é de António Costa", notou a comentadora, deixando uma ressalva.
"O PS que se desengane se pensa que tem a mão por baixo por parte do Presidente da República", disse.
Para a comentadora, na referida entrevista, Marcelo "mostrou também que tenta sempre interferir com o seu próprio partido e, em última analise, tudo fará para que ele [PSD] se entenda para ter a maioria, designadamente com uma aliança com o Chega, como permitiu que acontecesse nos Açores".
Considerando que o chefe de Estado teve momentos em que esteve "bem" e outros "mal", Ana Gomes começou por elogiar as declarações do Presidente no que diz respeito aos abusos sexuais na Igreja Católica.
"Esteve bem, antes de mais, na questão da Igreja, e até para compensar aquilo que ele esteve mal sobre essa mesma matéria", afirmou, elogiando ainda as intervenções do Chefe de Estado sobre a questão dos professores e dos oficias de justiça.
Contudo, para a comentadora, Marcelo "esteve mal ao lançar um incidente de suspeição sobre o ministro das Finanças", mas também ao não falar nos advogados que representaram a TAP na negociação da indemnização de Alexandra Reis.
"Também esteve mal ao não falar na responsabilização dos advogados. Quer dizer, é um caso de outsourcing, mais um caso que ilustra como o outsourcing é danoso para os interesses do Estado, quer por incompetência ou por perversidade, porque servem outros interesses. E neste caso não se percebe porque é que a TAP – que deve ter muito mais juristas do que a mulher do ministro das Finanças – foi fazer o pedido de apoio jurídico a um escritório de advogados exterior", rematou.
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