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Consenso quase total no apoio a Kyiv marca debate no Parlamento

A maioria dos partidos expressou hoje no parlamento o apoio total à Ucrânia na guerra contra a Rússia, com bancadas a aplaudirem-se umas às outras, só quebrado pelo PCP, que sem condenar a Rússia lamentou a "apologia da guerra".

Consenso quase total no apoio a Kyiv marca debate no Parlamento
Notícias ao Minuto

13:06 - 24/02/23 por Lusa

Política Ucrânia

No encerramento do debate temático proposto pelo presidente da Assembleia da República sobre a situação da Ucrânia, um ano depois da invasão deste país pela Rússia, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, defendeu que "à Ucrânia é devida a solidariedade democrática"

"A sua luta é a nossa luta; são os nossos valores: pela vida, pela liberdade, pela democracia e pela paz que construímos no pós-II Guerra Mundial e que tem no projeto europeu e na NATO pilares fundamentais", defendeu, considerando que o "pluralismo, democracia e segurança" são valores "de que o Portugal de abril nunca prescindiu".

O deputado socialista considerou que foi pela união dos povos e dos políticos que "Putin perdeu a guerra precisamente a 24 de fevereiro de 2022", mas avisou que esta "não está ganha".

"Uma conferência fundacional para a paz pós-guerra será necessária. Há uma nova paz a construir em que contam ucranianos e russos, mas também muitos dos países da vizinhança a leste, sem que possamos descurar a vizinhança a sul. Por agora sabemos que a paz não se fará à custa da Ucrânia. Não fazendo dela um ente sacrificial no altar na 'real politik'. Não é justo e não é isso que queremos. E isso já é meio caminho andado para a paz que queremos construir e para a derrota inevitável de Putin", considerou.

Pelo PSD, o vice-presidente da bancada do PSD Ricardo Baptista Leite enalteceu o papel das mulheres ucranianas na guerra, e trouxe ao parlamento português testemunhos pessoais de algumas das que conheceu no território.

"A vitória da Ucrânia é o único resultado possível. Putin tem de perder para voltar a haver paz. Não podemos aceitar outro cenário que não seja a recuperação integral do território da Ucrânia, para os ucranianos", disse.

Baptista Leite defendeu que "os ucranianos estão a lutar pela liberdade, pela democracia e também pelos valores europeus" e considerou que a gratidão se deve traduzir "num apoio absoluto à Ucrânia, fornecendo todos os meios necessários para rapidamente vencerem a guerra".

Na mesma linha, o presidente do Chega, André Ventura, considerou que "só há um lado certo na História, que é estar ao lado da Ucrânia" e elogiou a intervenção feita no arranque do debate pelo deputado socialista Sérgio Sousa Pinto.

"Disse nesta câmara que os que querem entregar a Ucrânia à Rússia são os mesmos que entregaram a Checoslováquia à Alemanha nazi. Só por estas palavras, o PS devia pensar melhor com quem faz alianças no Governo de Portugal", defendeu, numa referência aos acordos do PS com o PCP no executivo da 'geringonça'.

Também o deputado e líder da IL, Rui Rocha, considerou que, passado um ano do início da guerra, o presidente russo "Putin foi derrotado em cada dia, um dia atrás do outro".

"É por respeito aos milhões de vítimas que temos igualmente de ser claros na batalha das palavras. Não, não foi uma operação especial. Foi uma invasão e o invasor tem um nome: Federação Russa", disse.

Para o líder da IL, "não estão na mesma posição moral aqueles que condenam veementemente a agressão da Rússia e aqueles que invocam a paz, mas tudo o que querem é a cedência parcial ou total às pretensões de Putin".

Pelo BE, o líder parlamentar Pedro Filipe Soares reiterou a condenação do partido à "campanha imperialista de Putin que está a agredir a Ucrânia".

"Sempre condenámos o belicismo imperialista, seja agora o de Putin ou os perpetrados pela NATO. O Bloco de Esquerda luta pela paz e levanta-se contra todas as guerras", disse.

O deputado alertou, contudo, que esta se transformou "num enorme negócio", quer para a indústria de armamento, quer para as multinacionais do petróleo e até para a especulação dos preços de bens essenciais.

"Em todo este caminho, neste ano inteiro de guerra, a União Europeia mostrou-se incapaz de assumir o seu papel como mediadora. Desistiu do caminho diplomático, entregou-se às vontades de Washington e da NATO. Os poderes do mundo, começando em Putin, não querem a paz", criticou, deixando um apelo a "uma solução de paz que permita aos povos viver com tranquilidade e segurança".

Pelo PCP, a líder parlamentar Paula Santos questionou para onde querem empurrar os povos "com a apologia da guerra, a deturpação da verdade, a instigação do ódio?".

"Sabendo que é assim que se abre caminho às conceções mais reacionárias, retrógradas e obscurantistas. Não contem com o PCP para isso. Defendemos a solução pacífica dos conflitos internacionais -- não a escalada de confrontação e guerra. Defendemos a liberdade e a democracia -- não a promoção de golpes de Estado por grupos xenófobos e fascistas", afirmou, numa intervenção onde não consta qualquer referência direta à Rússia ou Ucrânia.

Leia Também: Chega e PCP trocam farpas sobre Ucrânia. "O que custa falar em invasão?"

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