O presidente do Chega, André Ventura, revelou, esta quarta-feira, que voltaria a divulgar os nomes de crianças imigrantes no Parlamento, numa altura em que o partido foi criticado por tê-lo feito.
"Se me perguntasse se voltaria a fazer o mesmo: voltaria", afirmou em entrevista à CNN Portugal, quando questionado sobre se era realmente necessário divulgar o nome de crianças - e se a situação não fomentava uma cultura de ódio contra o partido.
"Vou assumir a posição que tive, que Rita Matias teve. Foi uma posição que chamou a atenção para um problema, que é a multietnicidade e a multinacionalidade - que só por si não é coisa má nas escolas -, mas que está a atingir proporções dramáticas", justificou, lembrando que a lista era pública.
Ventura falou ainda acerca das "centenas de denúncias" que recebe, assim como outros deputados, por parte de professores ou pais que dizem que há quem "passe à frente" ou a ter "prioridades" no ensino. "Pais não conseguem pôr os filhos na escola a meio do ano, se mudam de residência, mas se vier alguém de fora, garante-se acesso às escolas, creches ou ensino básico", atirou, dizendo que é a informação que recebe.
"Devemos incluir os que vêm de fora, não há dúvida. A melhor forma da inclusão é a educação. Porém, não posso aceitar que no meu país quem venha de fora tenha prioridade no acesso a uma creche em relação aos que cá estão", atirou.
Ventura falou ainda das pessoas que se encontram em situação de desemprego, questionando: "Por que raio é que os filhos dos desempregados têm acesso à creche? Se não estão a trabalhar, a prioridade devia ser para quem está a trabalhar e não consegue estar com os filhos em casa. Criámos esta mentalidade do país dos coitadinhos."
"Não são os guardas que vigiam os reclusos, são os reclusos que vigiam os guardas"
Entre o julgamento do ex-primeiro-ministro José Sócrates -, de quem Ventura tem "99% de certezas que roubou o país" - ou mesmo a Saúde, tema no qual o líder do Chega disse que o que faz falta não é dinheiro, mas sim uma "boa gestão", outros temas da atualidade foram abordados na mesma entrevista.
É o caso da Justiça, que viu esta semana mais uma falha, com a fuga de dois reclusos, entretanto recapturados, do Estabelecimento Prisional de Alcoentre, em Lisboa.
A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, falou na quarta-feira e esta quinta-feira sobre a falta de recursos na prisão que 'ajudou' a que esta acontecesse, dizendo que na altura estavam de serviço 17 guardas prisionais para cerca de 400 reclusos. Repetiu ainda que que naquela prisão há "30 guardas de baixa médica".
"O sistema prisional está a implodir. Não são os guardas que vigiam os reclusos, são os reclusos que vigiam os guardas. É mesmo verdade o que disse hoje o que disse no Parlamento: basta ter TikTok para ver festas dentro das cadeias, ver festas com droga nas celas. Ver telemóveis nas celas. E os guardas não podem fazer mais porque eles são pouquíssimos", apontou, defendendo que os concursos sejam efetivados.
O líder da oposição afirmou ainda que é preciso olhar para as instalações "decrépitas". "A ministra não é ministra há dez anos, mas já esteve no governo anterior: não encontramos uma reforma de fundo. Vejo-a claramente, com alguma incompetência", considerou.
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