Atuais cartazes do PS preparam campanha para legislativas

Os cartazes do PS da campanha eleitoral para as europeias mostram uma preparação para as eleições legislativas, segundo duas especialistas, ao notarem o regresso do símbolo do punho fechado e o recurso a anónimos, em vez dos candidatos.

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Lusa
11/05/2014 10:48 ‧ 11/05/2014 por Lusa

Política

Especialista

Numa deslocação à Praça de Espanha, em Lisboa, onde são visíveis cartazes dos principais concorrentes às eleições de 25 de maio, Célia Belim regista no cartaz do PS a ausência do logótipo usado anteriormente: a rosa da família europeia socialista.

A professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa refere que o uso de pessoas anónimas mostra uma "candidatura do povo, pelo povo e para o povo".

"É a preparação para as legislativas. Não tem quase qualquer referência às europeias. Poderia ser um cartaz encaixável noutro tipo de eleições, é uma defesa do país e é um estádio preliminar para as legislativas do próximo ano", comenta à agência Lusa.

Comentando as escolhas socialistas, uma docente da Universidade Católica, Rita Figueiras, observou que a estratégia pode relacionar-se com o facto do partido poder ter atualmente "mais notoriedade e valor relativo no mercado eleitoral do que o(s) cabeça(s) de lista e querer fazer destas eleições uma espécie de primárias das legislativas de 2015".

Ao mostrar pistas para "mensagem mais ideológica", a estratégia pode indiciar um "regresso à importância do partido e não só do seu líder", resumiu.

Sobre a opção da coligação Aliança Portugal (PSD/CDS-PP) de não usar cartazes face à crise, Célia Belim sublinha estar a perder-se um instrumento de campanha com um "poder quase milagroso de lembrete".

A abdicação "pode não ser assim tão inteligente, apesar de haver outras tecnologias digitais, porque estas não estão disponíveis a todos públicos", lembra a especialista, avisando que os cartazes geram um "efeito de ressonância" e que "há que explorar subliminaridades da comunicação".

Já Rita Figueiras nota que esta eleição europeia "não é, à partida, nada favorável à coligação governamental". "Deste modo, uma campanha discreta é uma estratégia preventiva, uma estratégia de 'gestão de danos' e de proteção da imagem da coligação governamental", diz à Lusa.

Ainda na Praça de Espanha, é visível a propaganda do BE, com uma foto da cabeça-de-lista Marisa Martins com a "cor clássica" do partido, o vermelho, já que existem outros cartazes centrados no "magenta, num matiz muito escuro", nota Célia Belim.

A frase'De Pé' "pode não ser facilmente percetível", apesar de apontar para "verticalidade, coerência, correção e fidelidade", segundo a académica, para quem as alterações de cor "podem baralhar" os eleitores, mas também são uma "iniciativa de alterar certas rotinas e certos procedimentos clássicos dos partidos".

Por seu lado, Rita Figueiras indica que os partidos mais à esquerda querem "apresentar os candidatos aos eleitores".

"Esta nova fase do BE é menos híbrida, ou seja, a sua estratégia de comunicação inclui menos marcas de um discurso assente no marketing, como chegou a ter no passado. Por sua vez, o Partido Comunista tem-se mantido menos permeável à contaminação do discurso mediático por comparação aos restantes partidos portugueses", concluiu.

Frente ao cartaz com cinco candidatos da CDU a eurodeputados, Célia Belim refere a frase da "missão que o partido encarna: defender o povo e o país".

"A mensagem é corroborada pelas várias linhas que surgem um bocadinho descontextualizadas, mas conseguimos aferir pelas suas cores que são da bandeira portuguesa", afirma a analista, que explica o uso da cor branca de fundo.

"O branco não compromete, mas também tem uma grande carga simbólica, que sintetiza a totalidade, a unidade, a harmonia, a paz, e tem um valor utilitarista, porque não rivaliza com os outros elementos visuais", salienta.

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