"Este incidente representa um gesto de grave violência, intolerância e ódio que não é admissível num Estado de Direito Democrático e que infringe frontalmente os nossos valores constitucionais mais básicos, nomeadamente a liberdade de expressão, o direito à fruição e criação cultural e a liberdade de criação cultural", refere o projeto de voto divulgado pelo partido.
A deputada única do PAN quer que a Assembleia da República condene "as agressões feitas ao ator Adérito Lopes e demais atos de violência, intolerância e ódio para com os outros atores, equipa técnica e público" do teatro A Barraca, que ocorreram na terça-feira.
Inês de Sousa Real quer também que o parlamento manifeste a sua solidariedade para com a companhia de teatro e "o seu total empenho na defesa da liberdade de expressão, do direito à fruição e criação cultural e da liberdade de criação cultural face a quaisquer atos que os procurem atacar".
Na terça-feira, Dia de Portugal, um ator da companhia de teatro A Barraca, Adérito Lopes, foi agredido por um grupo de extrema-direita, em Lisboa, quando entrava para o espetáculo com entrada livre "Amor é fogo que arde sem se ver", de homenagem a Camões.
Em declarações à agência Lusa, a diretora da companhia, a atriz e encenadora Maria do Céu Guerra, contou que a agressão ocorreu cerca das 20h00, quando os atores estavam a chegar ao Cinearte, no Largo de Santos e, junto à porta, se cruzaram com "um grupo de neonazis com cartazes, programas", com várias frases xenófobas, que começaram por provocar uma das atrizes.
"Entretanto, os outros atores estavam a chegar. Dois foram provocados e um terceiro foi agredido violentamente, ficou com um olho ferido, um grande corte na cara", relatou Maria do Céu Guerra, referindo o ator em causa teve de receber tratamento hospitalar.
O público só abandonou o espaço já depois das 22h00, acrescentou a atriz, que realçou que o sucedido só não foi pior por ter aparecido a Polícia de Segurança Pública (PSP).
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