"A agressão de que foi alvo o ator Adérito Lopes merece a mais veemente condenação e uma investigação que castigue os responsáveis. É inaceitável que uma peça seja cancelada por causa de um grupo neofascista. É o resultado de não haver clareza na rejeição do discurso de ódio", criticou o porta-voz do Livre Rui Tavares, na rede social 'X', antigo Twitter.
Também hoje, a bancada do Livre entregou na Assembleia da República uma pergunta ao Governo e um voto de condenação depois de na terça-feira à noite um ator da companhia de teatro "A Barraca" ter sido agredido por um grupo de extrema-direita, em Lisboa, quando entrava para um espetáculo.
No voto de condenação, os seis deputados do Livre referem que segundo a diretora da companhia, a atriz Maria do Céu Guerra, por volta das 20:00 de terça-feira, "um grupo de neonazis com cartazes e programas" com várias frases xenófobas, começaram a provocar os atores e atrizes que iam chegando para o espetáculo.
Depois de "algumas provocações", lê-se no texto, o ator Adérito Lopes "foi violentamente agredido e teve de receber tratamento hospitalar", o que obrigou ao cancelamento do espetáculo.
Os deputados do Livre salientam que, na terça-feira, assinalavam-se 30 anos do assassinato de Alcindo Monteiro "por forças de extrema-direita" e que, também por essa razão, "este ataque deve ser motivo de condenação por todas as forças democráticas e pela Assembleia da República".
"O Livre manifesta o seu profundo repúdio pelas manifestações racistas e xenófobas que tiveram lugar no dia 10 de junho e que têm vindo a acontecer com cada vez maior frequência, designadamente aproveitando a realização de momentos culturais, como apresentações de livros ou de espetáculos teatrais", lê-se no projeto de voto.
O partido questionou ainda a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, na qual alerta que este tipo de episódios faz parte de "um padrão crescente de ações intimidatórias e violentas levadas a cabo por grupos de extrema-direita em Portugal".
Para o Livre, a propagação de discursos de ódio, de violência e de ações que limitam a liberdade dos cidadãos e a radicalização "são inaceitáveis e contrárias aos valores fundamentais do Estado Português, exigindo ação urgente e estruturada por parte das autoridades e dos órgãos de soberania".
Neste contexto, o partido quer saber que avaliação é que o Governo liderado por Luís Montenegro faz da ameaça à segurança e ao Estado de Direito decorrente da atividade de grupos de extrema-direita e dos riscos associados ao seu crescente impacto e organização e que diligências tomou ou planeia tomar relativamente à "crescente atividade e violência de grupos de extrema-direita e ao seu impacto no dia-a-dia dos cidadãos e das cidadãs".
O Livre quer ainda saber que medidas é que o Governo pretende adotar para "prevenir os efeitos dos discursos extremistas e processos de radicalização, designadamente junto de crianças e jovens" e se o executivo está "pronto para, à imagem do que tem sido feito noutros países, requerer ao Supremo Tribunal de Justiça a classificação destes grupos como organizações fascistas".
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