Moreira da Silva quer campanha "positiva", mas não promete cargos
O candidato à liderança do PSD Jorge Moreira da Silva defendeu hoje uma campanha "positiva", classificou o adversário interno Luís Montenegro como "um amigo", mas fez questão de marcar diferenças e avisar que não prometerá lugares em troca de apoios.
© Lusa
Política PSD
Numa apresentação pública que se estendeu por mais de uma hora, entre discurso e respostas aos jornalistas, foram vários os 'recados' implícitos que deixou ao outro candidato já anunciado à liderança do partido nas diretas de 28 de maio, começando pela recusa de ambiguidades com o Chega e até por frisar que será ele próprio a elaborar a sua moção (a de Montenegro será coordenada por Joaquim Sarmento).
"As ideias não se subcontratam", salientou Moreira da Silva, na sua intervenção inicial.
Já na fase de perguntas, e questionado diretamente sobre Luís Montenegro, disse ter "estima e amizade" pelo antigo líder parlamentar social-democrata.
"Tivemos um percurso comum em várias fases da vida política, mas somos diferentes, temos um perfil e uma experiência diferentes (...) Nesta eleição, não está em causa em escolher quem é o bom ou quem é o mau, mas quem é mais bem preparado para os desafios que o país tem de enfrentar. Passe a imodéstia, eu considero que tenho as melhores condições", disse.
O antigo dirigente do PSD considera ainda que terá mais capacidade de unir o partido - "nunca dividi" - e assegurou que, se vencer, Luís Montenegro terá "o papel que quiser ter" no futuro do PSD, ao passo que, se perder, também contribuirá para a unidade.
Jorge Moreira da Silva disse que não entra nesta candidatura "a fazer de contas de cabeça" e apelou aos seus apoiantes que o acompanhem numa campanha pela positiva, à qual não quer que faltem os debates, sugerindo até à comunicação social que os possa organizar por áreas temáticas.
"Não quero uma campanha de questiúnculas, bota-abaixismo, que não enobrece a política", disse, prometendo dividir a campanha entre as tradicionais sessões com militantes e uma vertente mais moderna de comunicação via redes sociais.
Questionado sobre os apoios à sua candidatura, Jorge Moreira da Silva - que preferiu apresentar-se apenas com a mulher, um dos filhos e um amigo como convidados - disse que poderá existir "uma avaliação precipitada" de que não tem tropas, afirmando que tem recebido muitos apoios e muitas promessas de filiação caso vença as diretas.
"Não ando na vida política de calculadora na mão, mas não ando aqui há dois dias", resumiu.
O antigo dirigente social-democrata disse não ter querido pedir apoios antes de apresentar as suas ideias, e deixou um aviso.
"Quem gostar destas ideias, das 30 páginas que li, é bem-vindo, quem esperar que eu esteja disponível para oferecer lugares no Parlamento Europeu ou de vice-presidente do partido, comigo não estão bem servidos", alertou.
Questionado sobre o facto de também, como Luís Montenegro, poder ser visto como um 'herdeiro' de Pedro Passos Coelho, ou de lhe serem atribuídos apoios entre a atual direção de Rui Rio, Moreira da Silva deu uma resposta bem-humorada.
"O meu pai chama-se Antero, não se chama Pedro nem Rui, nem o Pedro nem o Rui têm filhos chamados Jorge e Luís. Esse tema da filiação partidária é altamente redutor, peço que não existam nunca moreiristas", afirmou.
Sobre Pedro Passos Coelho, de quem foi vice-presidente durante seis anos, disse não confundir admiração e proximidade com "qualquer outro tipo de filiação de candidatura".
"Não contactei ninguém antes de fazer esta candidatura, terei o maior gosto em agora fazer esses contactos, incluindo com ex-lideres do PSD. Parece-me importante receber esse bom conselho", disse.
Com ironia, disse tanto ler nos jornais que é um passista, como um herdeiro do aparelho de Rui Rio.
"Pelos vistos, eu sou aquele que consegue unir, se o Luís Montenegro aparece como passista e eu como passista e rioísta", disse.
Questionado se conta com o recém-eleito líder parlamentar do PSD, Paulo Mota Pinto, Moreira da Silva não respondeu de forma direta, embora deixando elogios ao ainda dirigente de Rui Rio.
"O grupo parlamentar é órgão próprio do partido, fez as suas eleições internas, foi eleito o professor Paulo Mota Pinto por uma larguíssima maioria. Tenho uma opinião pessoal, política e profissional muitíssimo favorável, mas coisa diferente é saber o que o partido deve fazer a seguir às eleições. Cá estaremos para trabalhar todos em conjunto", disse.
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