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"Não creio que estejamos, agora, na fronteira de uma III Guerra Mundial"

Francisco Louçã defendeu ainda, na SIC Notícias, que Joe Biden é o vencedor do conflito na Ucrânia, já que "recompôs a NATO, recuperou a sua "liderança política e a liderança doméstica também".

"Não creio que estejamos, agora, na fronteira de uma III Guerra Mundial"
Notícias ao Minuto

23:21 - 25/02/22 por Tomásia Sousa

Política Francisco Louçã

O fundador e antigo coordenador do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, afastou esta sexta-feira a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial, mas estabeleceu já Biden como o vencedor do conflito na Ucrânia, uma vez que o presidente dos Estados Unidos foi capaz de recompor a NATO no cenário internacional.

"Pensar que poderia haver uma escalada militar seria, evidentemente, irresponsável. Responder à ação de Putin declarando uma guerra na Europa, não deve acontecer. Portanto, eu não creio que nós estejamos, agora, na fronteira de uma Terceira Guerra Mundial", defendeu, no espaço habitual de comentário à sexta-feira na SIC Notícias.

Apesar de admitir que "é certo que a Guerra Fria acabou", Louçã considera que os Estados Unidos "têm tido muito cuidado". 

"Se daqui decorre alguma guerra mundial? Pois eu penso que estamos longe disso. Que a Europa vai viver sob tambores de guerra? É verdade. Isso vai mudar a política europeia, vai mudar os discursos na Europa, vai mudar a percepção da segurança, vai mudar a forma como vemos, em particular as fronteiras a Leste", referiu.

Em todo o caso, para o bloquista, já "há realidades estratégicas e há vencedores".

"Eu creio que, para já, o derrotado é a Ucrânia, é derrotado Putin e acho que Biden é vencedor. Recompôs a Nato depois da derrota do Afeganistão, ganha no terreno interno e neutralizou Trump", assumiu. "Divide uma parte do partido Republicano na preparação de eleições e Biden recupera a liderança política e a liderança doméstica também."

Para o comentador, a invasão russa não teve início devido a uma provocação e é evidente que a operação "estava preparada e organizada", não só pelo esforço militar, como pela quantidade de tropas.

Poderá ter havido provocações, mas todas elas são irrelevantes porque havia um plano e uma estratégia", sublinhou. "Não foi por descontrolo, foi por controlo."

O fundador do Bloco de Esquerda destacou as "grandes manifestações de protesto" que têm decorrido, nas últimas horas, em várias cidades russas. "Aquelas manifestações, com centenas de pessoas, que foram detidas, tem significado", apontou.

"Ainda está por ver até onde vai esta ambição imperial de Putin", afirmou. "É muito difícil fazer especulações neste momento. Esta guerra ,neste momento, não se vai alastrar. Resta saber que plano tem Putin para a Ucrânia . Ele poderá vencer militarmente esta vaga da guerra, nao há duvidas. Como poderá estabilizar esse poder? Os sinais são contraditórios."

De qualquer forma, o comentador lembra que há efeitos políticos do cenário atual, como o isolamento do regime russo, o peso no futuro da Europa e o reforço da NATO.

Com esse reforço, a Rússia perde sempre."

Francisco Louçã reconhece que Zelenskyy "não parece ser um líder com grande apoio popular nem muito mobilizador", mas lembra que "ganhou as eleições".

"Na verdade, a extrema-direita, os tais neonazis - que estão presentes na Ucrânia - representam 2 ou 3% do ponto de vista eleitoral. O próprio Zelenskyy é judeu, como se sabe, é o único líder judeu num país europeu e tem parentes, avós, que morreram no Holocausto", afirma, defendendo contudo que "associar isso à Ucrânia do neonazismo é um puro fetiche de propaganda".

Para Louçã, o futuro da operação é "um ponto de interrogação". O antigo coordenador do Bloco lembra que "passar para outro nível militar, agora ou no futuro, já significa um confronto com países que fazem parte da NATO, portanto sob a proteção da Aliança militar" e isso, em si mesmo, "já é uma derrota para o Putin".

Sobre as sanções que têm sido dirigidas à Rússia, Louçã considera mesmo que "são simbólicas" e revelam "incompetência".

"Neste mundo do debate sobre as sanções, há factos que chegam a ser chocantes. A Itália, por exemplo, conseguiu tirar das sanções os bens de luxo porque os oligarcas russos são o grande mercado para a Itália na compra de bens de luxo. A Bélgica estava a lutar, hoje à tarde, para que a lapidação de diamantes não seja incluída", exemplificou Louçã. "Há aqui um jogo muito complicado."

Sobre a possibilidade de excluir a Rússia do sistema bancário internacional SWIFT, o comentador acredita que seria um "erro" porque "tornar o sistema financeiro internacional, a liquidez das transações financeiras, numa arma de guerra ao serviço de um país ou de uma zona económica tem o perigo imenso de se poder tornar contra qualquer força".

Leia Também: AO MINUTO: Rússia veta resolução na ONU; Zelensky prevê "noite difícil"

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