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Auditoria Novo Banco. "Não diz se a Lone Star está a enganar o Governo"

Mariana Mortágua apontou ainda que a auditoria confirma que o negócio da venda do Novo Banco foi ruinoso do princípio ao fim, que "foram tomadas más decisões politicas" e que confirma a "responsabilidade da anterior gestão do BES e de Ricardo Salgado".

Auditoria Novo Banco.  "Não diz se a Lone Star está a enganar o Governo"
Notícias ao Minuto

16:32 - 01/09/20 por Notícias ao Minuto

Política Auditoria Novo Banco

O Bloco de Esquerda (BE) já reagiu à auditoria realizada ao Novo Banco. Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Mariana Mortágua sublinhou, nesta tarde de terça-feira, que o documento não responde à questão de "se a Lone Star [fundo de investimento norte-americano que comprou o Novo Banco em 2017] está a enganar o Governo ou os contribuintes portugueses". 

Frisando que apenas teve oportunidade de realizar uma leitura preliminar à auditoria, a deputada bloquista começou por referir que consta no documento que, há três anos, "o Estado ficou com a responsabilidade de pagar o prejuízo da venda do Novo Banco, mas os benefícios foram para o fundo Lone Star". "Nesse momento, todos os créditos ruinosos do passado explodiram registando perdas enormes".

Para a parlamentar a questão prende-se com o que a auditoria "não diz", designadamente, "se essas perdas podiam ter sido evitadas". "Não responde se a Lone Star está a enganar o Governo, obrigando-o a pagar por prejuízos que poderiam ter sido evitados. Continuamos a não ter uma explicação para isso", reiterou.  

"A auditoria confirma que o negócio [da venda do Novo Banco] foi ruinoso do principio ao fim, confirma que foram tomadas más decisões políticas, confirma a responsabilidade da anterior gestão do BES e de Ricardo Salgado. Mas não tem uma resposta para a gestão privada do Novo Banco, cujos prejuízos são pagos com o dinheiro do Estado", avaliou. 

Ainda assim, a bloquista reforçou que a auditoria, mais do que fornecer novas informações, confirma situações que já eram públicas, nomeadamente, que o "BES acumulou perdas entre 2000 e 2018 de cerca de 6 mil milhões de euros". Sobre estas perdas, é revelado que são referentes a "créditos concedidos para comprar ações do BCP, da Portugal Telecom e da própria Espírito Santo Financial Group". "Já ouvimos esta história em outros bancos, noutras situações. Crédito para a construção, crédito para o imobiliário", acrescentou.  

Na auditoria, apontou a deputada, outra novidade é a descrição de algumas operações que foram reestruturadas ou perdoadas, "em situações semelhantes que aconteceram na Caixa Geral de Depósitos". Contudo, não foram divulgados os nomes desses clientes.

"O Parlamento continua sem saber quando analisa operações de crédito efetuadas pelo BES e por Ricardo Salgado quem foram os clientes que beneficiaram dessas operações de crédito. Hoje por causa de outras comissões de inquérito já podemos adivinhar quem são: operações ligadas ao BCP, à Portugal Telecom e algumas ligadas ao futebol". 

Posto isto, Mariana Mortágua afirmou que, tal como outros partidos já defenderam, a Assembleia da República "tem de ter todos os dados para poder analisar o que se passou no BES e no Novo Banco, incluindo nomes de empresas, devedores e de empresas que tiveram operações reestruturadas ou perdoadas". 

Também sobre a questão da confidencialidade desta auditoria, a parlamentar apontou que o documento que chegou a São Bento "pode ser divulgado, desde já, porque não tem nenhum dado que seja confidencial". "Temos de acabar com este segredo dos documentos que aqui chegam", atirou. 

Ainda sobre o relatório, Mariana Mortágua denotou que também ficou confirmado que o "processo de venda do Novo Banco foi ruinoso", que "não foram criados mecanismo que permitissem verificar a gestão do Novo Banco" e o Governo e o Novo Banco "fizeram mal ao aceitar as regras da União Europeia, que impuseram um processo apressado de venda de ativos". 

Recorde-se que o relatório da auditoria ao Novo Banco (realizada pela consultora Deloitte) foi remetido pelo Governo ao presidente da Assembleia da República, esta terça-feira, com a menção de que é confidencial. Os deputados têm acesso integral ao documento, mas através de computadores que tenham um 'software' de proteção da informação digital classificada, que rastreia a consulta.

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