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Ativista vê semelhanças na chegada ao Parlamento de Ventura e Bolsonaro

O ativista brasileiro Anderson França encontra semelhanças na chegada ao Parlamento de André Ventura, em Portugal, e de Bolsonaro à Câmara dos Deputados, no Brasil, e recomenda que esta nova presença seja estudada e levada a sério.

Ativista vê semelhanças na chegada ao Parlamento de Ventura e Bolsonaro
Notícias ao Minuto

06:15 - 21/10/19 por Lusa

Política Parlamento

A viver em Portugal há cerca de um ano -- decisão que tomou a 28 de outubro, quando Jair Bolsonaro foi eleito Presidente do Brasil -- o ativista brasileiro Anderson França refere-se ao atual chefe de Estado do seu país como alguém que faz "leituras históricas com rancor" e "acusa os governos de corrupção, sem provas e com o objetivo de mobilizar o senso comum e isso gera ódio na população".

Uma postura que identifica no recém-eleito deputado André Ventura, que representa a chegada da extrema-direita ao Parlamento português.

"Portugal era dos poucos países sem deputados da extrema-direita na Assembleia da República. Esse deputado representa, linguisticamente e na sua prática, a mesma coisa que Bolsonaro. São da mesma ideologia e da mesma forma de praticar política", adiantou.

E refere que esse deputado em Portugal "insiste" como ponto do seu discurso numa "deputada eleita, negra, com determinada deficiência na fala".

"Ele manifesta-se nas redes sociais, acessando pessoalmente às pessoas, faz críticas a essa mulher e deixa bem nítido que o centro da sua crítica é a capacidade intelectual ou de fala dessa mulher. E em alguns momentos até a sua etnia", prosseguiu.

Para Anderson França, "esse tipo de debate político não tem qualquer valor para a democracia nem para a construção de um estado plural".

"Quando esse deputado de extrema direita chega à Assembleia da República, a primeira coisa que faz é rebaixar o nível do debate. A principal coisa que passa a ser debatida nas redes sociais é a característica de fala de uma deputada eleita. Sobretudo porque é mulher, ele não se dedica a falar assim com homens e isso é o que o Balsonaro fez com a deputada Maria do Rosário".

Em 2014, quando era deputado federal, Jair Bolsonaro afirmou no plenário que Maria do Rosário "não merecia ser violada" porque era "muito feia".

O ativista -- que saiu do Brasil há cerca de um ano, logo após ter conhecimento de que havia uma recompensa de 10 mil euros pela sua morte, no seguimento da alegada denúncia do policial que terá assassinado um cidadão -- encontra no discurso de Bolsonaro e Ventura semelhanças e precisamente onde "não gostaria de encontrar".

"O que acontece com Bolsonaro e André Ventura é que eles não se parecem na discussão económica. Se eu pedir a esse deputado uma proposta económica para Portugal para os próximos cinco anos ele não tem. Se tivesse, ele já tinha falado", disse.

As semelhanças passam, na sua opinião, pelo "rebaixamento do debate político e isso é o acirramento de ânimos, a polarização do senso comum, a discussão de quem é corrupto ou não é corrupto, sem apresentar provas".

"Eles tentam atingir o maior número de pessoas, usando recursos mediáticos com o cidadão médio, que, motivado pela paixão, pela polarização, acaba votando pela pessoa", prosseguiu.

Contudo, Anderson França acredita que não é preciso alarde.

"Não temos de ter medo do outro grupo, mas sim colocar na mesa a discussão de todos os grupos".

E recomenda um 'up grade' aos partidos tradicionais e à própria sociedade portuguesa que pensam o país de uma forma democrática para pensarem na razão deste novo cenário político.

"Isso a esquerda brasileira não fez, permitiu que Bolsonaro continuasse durante 28 anos, menosprezou a sua presença no Parlamento, e então ele se tornou Presidente", disse, acrescentando: "Devia ter considerado que aquele discurso de ódio, polarizador, em alguma altura ia dar alguma coisa".

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