Magistrados: "Se fosse o inverso? O Parlamento em greve?", pergunta Rio
Rui Rio fala em demagogia e sustenta a sua posição sobre a greve dos magistrados do Ministério Público com recurso a uma pergunta. "E se fosse o inverso?"
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Política PSD
O líder do PSD fala em demagogia e argumenta a sua posição sobre a greve dos magistrados do Ministério Público através de uma pergunta.
Rio socorreu-se do Twitter para criticar a greve dos magistrados do Ministério Público, que estão em protesto nacional contra a forma como está a ser feita a revisão do estatuto da profissão.
“Com a habitual demagogia, Magistrados fazem greve para condicionar um outro órgão de soberania”, começou por escrever Rio, constatando que a justiça invade assim a política, ou seja, “o contrário do princípio da separação de poderes”.
E, por isso, pergunta: “E se fosse o inverso? O Parlamento em greve para condicionar uma investigação do MP?”
Com a habitual demagogia, Magistrados fazem greve para condicionar um outro órgão de soberania. É a justiça na política; o contrário do princípio da separação de poderes. E se fosse o inverso? O Parlamento em greve para condicionar uma investigação do MP? https://t.co/jbYQk8aIAQ
— Rui Rio (@RuiRioPSD) 25 de fevereiro de 2019
A adesão à greve nacional dos magistrados do MP situa-se esta segunda-feira entre os 85 e os 90%, segundo dados do sindicato do setor.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) António Ventinhas, considerou que a elevada adesão à greve coincide com a previsão que o sindicato tinha relativamente ao descontentamento da classe.
A título de exemplo, António Ventinhas referiu que, dos 21 procuradores nos Juízos Criminais de Lisboa, 20 fizeram greve, tendo Sintra e Almada sido outros casos de adesão maciça. O protesto prossegue na terça e quarta-feira com greves setoriais.
Greve dos magistrados do MP porquê?
Em comunicado, intitulado 'Contra a corrupção e a politização do MP', o sindicato justifica a greve com o facto de considerar que se pretende alterar a composição do Conselho Superior do MP (SMMP) por forma a obter o controlo político desta magistratura e da investigação criminal e com a intenção se se consagrar um regime disciplinar que viola direitos elementares.
O SMMP insurge-se ainda contra a proposta do Governo de revisão do Estatuto por criar um regime do paralelismo das magistraturas é violado em diversos preceitos essenciais.
Alega também que a proposta do Governo não cria uma verdadeira autonomia financeira do MP e apresenta um modelo de carreira que enferma, log ao início, do problema criado pelo congelamento das carreiras.
Critica igualmente o facto de a proposta de Estatuto não valorizar o estatuto socioprofissional dos magistrados e até efetuar um retrocesso nesse domínio.
Quanto à alegada intenção do poder político de alterar a composição do CSMP que se encontra vigente desde 1992, o SMMP questiona "qual a razão por que se pretende controlar politicamente e alterar o funcionamento do MP quando este começou a funcionar melhor e a formular acusações contra personalidades muito bem colocadas na sociedade?".
"Porque não se assume frontalmente que se pretende condicionar o MP na investigação dos crimes de corrupção por isso ser incómodo para várias pessoas?", diz o SMMP, em comunicado.
O sindicato alerta que "ao arrepio das recomendações da OCDE sobre a necessidade de atacar a corrupção, há quem pretenda precisamente o contrário, tentando transformar o CSMP num mero órgão político-partidário, em que os magistrados apenas têm lugar como figuras decorativas". No entender do SMMP, o que está em causa é o fim da autonomia do MP e isso "obviamente não é no interesse do povo".
A última vez que ocorreu uma greve dos magistrados do MP foi em 2013.
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