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Jarmela Palos quer ser "integralmente absolvido" negando qualquer ilícito

A defesa do ex-diretor-geral do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no julgamento do processo 'Vistos Gold', pediu hoje que Jarmela Palos seja "integralmente absolvido" dos crimes imputados, negando que este tenha cometido qualquer ato ilícito.

Jarmela Palos quer ser "integralmente absolvido" negando qualquer ilícito
Notícias ao Minuto

18:28 - 09/04/18 por Lusa

País Vistos gold

Nas alegações finais, o advogado João Medeiros considerou que "absolutamente nenhum" dos crimes atribuídos a Manuel Jarmela Palos ficou provado em julgamento e teceu duras críticas à forma como o Ministério Público (MP) conduziu a investigação e o julgamento quanto à matéria relativa ao seu constituinte, que sempre negou ter praticado qualquer ato ilegal.

Quanto aos alegados atos de facilitação de Jarmela Palos na concessão de vistos de residência a investidores estrangeiros, que estão na base do crime de corrupção passiva, o advogado entende que o MP efetuou uma "deturpação consciente" de uma escuta telefónica sobre a oferta de duas garrafas de vinho, considerando que a terem sido efetivamente entregues no SEF, as garrafas não chegaram às mãos do diretor-geral.

"O que o julgamento demonstrou foi a absoluta ausência de prova contra Jarmela Palos", insistiu João Medeiros, observando que não era o diretor-geral do SEF que fazia a instrução dos processos dos 'Vistos Gold'.

O advogado contestou também os alegados atos de facilitação imputados a Jarmela Palos no processo de concessão de vistos a cidadãos líbios para tratamento em Portugal, através dos serviços da empresa privada ILS, considerando que o julgamento não demonstrou que o ex-diretor-geral do SEF tenha obtido qualquer vantagem com a vinda daqueles feridos de guerra líbios.

Além disso, referiu, na questão dos vistos de curta duração atribuídos aos líbios, ao SEF apenas competia emitir um parecer, cabendo a decisão final aos serviços consulares do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE)

João Medeiros classificou como "desastrada" a tentativa da acusação de provar que Jarmela Palos tenha realizado qualquer ato de facilitação quanto à nomeação do Oficial de Ligação (OLI) em Pequim, tanto mais que a escolha de Luísa Maia Gonçalves foi consensual e decidida por várias pessoas em conjunto.

Segundo o advogado, para a criação daquele lugar em Pequim era preciso um despacho conjunto do Ministério da Administração Interna (MAI) e do Ministério das Finanças, devendo o nome da pessoa escolhida ser proposta pelo MAI ao MNE, conforme resulta da lei.

O advogado considerou tratar-se de um contrasenso que o MP diga em julgamento que os arguidos mudaram de comportamento quando souberam em março/abril de 2014 que estavam a ser investigados e depois utilize escutas telefónicas efetuadas a Jarmela Palos posteriores a essa data para o incriminar. O ex-diretor-geral do SEF só começou a ser intercetado telefonicamente a partir de maio desse ano.

João Medeiros concluiu que o coletivo de juízes deve absolver integralmente Jarmela Palos dos crimes de que está acusado, ou seja corrupção passiva e prevaricação.

Também a advogada do arguido Eliseu Bumba pediu a absolvição do seu cliente, assegurando que o empresário angolano "jamais pagou qualquer vantagem patrimonial" ao principal arguido, António Figueiredo, justificando que a verba de 20 mil euros destinada ao ex-presidente do IRN foi para pagar e ajudar a organizar uma palestra patrocinada pelo Ministério da Justiça de Angola.

No período da manhã, a defesa do ex-presidente do IRN pediu a absolvição António Figueiredo, alegando que o MP trouxe "prova zero" às audiências de julgamento.

São ainda arguidos no caso 'Vistos Gold' o ex-ministro da Administração Interna Miguel Macedo, a antiga secretária geral do Ministério da Justiça Maria Antónia Anes, Jaime Gomes, empresário e amigo de longa data de Miguel Macedo, o empresário chinês Zhu Xiaodong e Lalanda e Castro, ex-patrão da farmacêutica Octapharma.

Miguel Macedo demitiu-se em novembro de 2014 do cargo de ministro da Administração Interna, tendo-lhe sido imputado pelo MP o alegado favorecimento de um grupo de pessoas que pretendia lucrar de forma ilícita com os 'Vistos Gold'.

Desse grupo faziam parte alegadamente Jaime Gomes, António Figueiredo e o empresário chinês Zhu Xiaodong. Em julgamento está também a alegada interferência de Miguel Macedo para favorecer a empresa de Paulo Lalanda e Castro.

Em causa no processo 'Vistos Gold', que conta com 21 arguidos (17 pessoas singulares e quatro empresas), estão crimes de corrupção ativa e passiva, recebimento indevido de vantagem, prevaricação, peculato, abuso de poder, tráfico de influência e branqueamento de capitais.

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