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Cova da Moura: Acusado de homicídio em silêncio no início do julgamento

O jovem acusado de três crimes de homicídio, dois na forma tentada, com uma pistola, em 2013, na Cova da Moura (Amadora), devido a desavenças entre grupos rivais, remeteu-se hoje ao silêncio no início do julgamento, em Sintra.

Cova da Moura: Acusado de homicídio em silêncio no início do julgamento
Notícias ao Minuto

15:05 - 06/02/18 por Lusa

País processo

"Quem foi lá tinha intenção de matar", afirmou Pedro, um dos três jovens atingidos por disparos na madrugada de 14 de outubro de 2013, perto do bar 'Chili', no Beco de São José, no bairro Cova da Moura, concelho da Amadora.

A testemunha, que se constituiu assistente no processo em julgamento no Tribunal de Lisboa Oeste, em Sintra, recorda-se de ter sido o primeiro a ser atingido por disparos, mas da memória apagou-se a imagem do agressor, embora admita que tenha sido o arguido.

Segundo o despacho de acusação do Ministério Público, a que a agência Lusa teve acesso, "uma desavença entre dois indivíduos pertencentes a bairros rivais (Reboleira e Cova da Moura)" esteve na origem de agressões entre vários jovens.

Uma hora mais tarde, Jorge, atualmente com 24 anos, que já tinha morado na Cova da Moura, mas que agora faria parte do grupo da Reboleira, deslocou-se ao Beco de São José e, para "vingar" alegadas agressões, efetuou sete disparos com uma pistola de 9 milímetros na direção de vários rapazes, entre os quais estavam Pedro, Roberto e Luís.

Pedro foi transportado ao Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, e depois transferido para Santa Maria, correndo "perigo de vida", mas sobreviveu com ferimentos de bala, incluindo no abdómen e na perna esquerda, e traumatismo na face.

O jovem, questionado pelo juiz presidente do coletivo, recordou que o arguido já tinha ameaçado várias vezes alguns jovens do bairro e, ao procurador da República, assegurou que Roberto "não tinha nada a ver" com a situação.

Roberto, que estava entre os oito jovens que na altura conversavam no beco da Cova da Moura, foi atingido a tiro na cabeça, num braço e numa perna, acabando por morrer no hospital pelas 21:35 desse dia.

Transportado ao Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), com lesões graves no abdómen, Luís também sobreviveu.

No tribunal, Luís admitiu que numa anterior deslocação a uma discoteca de Corroios soube de uma discussão entre alguns jovens, mas consigo não houve qualquer caso.

Na Cova da Moura, quando estava com o grupo "a conversar", foram surpreendidos por uma pessoa que se aproximou "em silêncio" e disparou sem aviso, relatou.

Outro jovem, que tinha estado com o grupo, mas foi para casa, contou que ouviu os disparos e quando espreitou para a rua viu "o Roberto com uma bala na cabeça".

Pela fresta na porta para a caixa do correio avistou alguém que, apesar de não lhe ter visto a cara, "tinha a aparência do Jorge", escutando ainda uma voz que ordenou a um dos feridos, em crioulo, "aqui não há choros".

"Não demos conta de nada. A pessoa veio de repente e começou a disparar", descreveu outro jovem, também da Cova da Moura, que fugiu ao escutar os disparos, mas ainda terá ouvido dizer em crioulo "não há choros".

O arguido, natural de Cabo Verde, encontra-se detido no Estabelecimento Prisional do Linhó, depois de já ter passado por Leiria, após ter sido condenado, no âmbito de outro processo, a uma pena por ofensa física qualificada e detenção de arma proibida.

O Ministério Público, com base também na arma usada na Cova da Moura, referenciada noutro processo, e nas cápsulas recuperadas das balas, acusou o arguido de um crime de homicídio qualificado, na forma consumada, e dois na forma tentada, e por um crime de detenção de arma e munições proibida.

O juiz presidente determinou a notificação de uma testemunha que faltou através da Polícia Judiciária e o julgamento prossegue a 20 de fevereiro com a audição de mais testemunhos.

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