"Enquanto tiver a fidelidade do Exército, Maduro vai continuar no poder"
Miguel Sousa Tavares diz que a Venezuela é atualmente uma “democracia ditatorial” e que Maduro é "totalmente incompetente". Não acredita que Exército continue a assistir de braços cruzados ao que se está a passar no país.
© Global Imagens
País Miguel Sousa Tavares
A crise na Venezuela atinge proporções cada vez mais desastrosas. A Assembleia Constituinte agora eleita reforça os poderes de Nicolás Maduro. Miguel Sousa Tavares considera que o país faz parte de um conjunto de países que vivem numa democracia ditatorial.
"Hoje a Venezuela é aquilo que se pode chamar de uma democracia ditatorial, que aliás se está a tornar frequente, podemos dizer que a Rússia funciona assim, Angola funciona assim e mesmo dentro da União Europeia temos os exemplos da Hungria e da Polónia, que dificilmente poderemos chamar de democracias", afirmou o comentador.
Para Sousa Tavares este "processo já tinha começado com Hugo Chavéz, mas Chavéz tinha um carisma e uma qualidade política que Maduro não tem de todo. Maduro é totalmente incompetente".
Uma incompetência que o comentador considera que se reflete no estado do país. "A Venezuela está na miséria e com uma inflação que vai chegar aos 1.000%", acrescentando que "é preciso de facto dar uma grande cambalhota a todos os níveis, para dizer como diz o PCP, que isto foi um passo no caminho da democracia e da paz".
Sousa Tavares defendeu ainda, no habitual espaço de opinião no Jornal da Noite, que a chave para a crise na Venezuela está no Exército. "Chavéz vinha do Exército, Maduro não vem. Enquanto tiver a fidelidade do Exército, Maduro vai continuar no poder", algo que Miguel Sousa Tavares duvida que se mantenha.
"Acho difícil que o Exército assista de braços cruzados, até porque passam-se aqui coisas de lesa-pátria", referiu.
Com a Venezuela quase totalmente isolada a nível internacional, não sobram muitas formas de penalizar o regime de Maduro sem penalizar ainda mais os venezuelanos. "A única forma de intervenção aqui são sanções. Mas sanções económicas sobre um povo que já está a sofrer o que sofrem os venezuelanos não fazem sentido. [Porque] não é sobre Maduro nem sobre os principais protagonistas desta democracia ditatorial" que vão recair essas sanções.
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