Portugueses no Canadá pouco abertos a falar dos seus problemas
A psicoterapeuta Clarinda Brandão considerou que os portugueses no Canadá têm dificuldade em falar abertamente dos problemas que os afetam, preferindo "deixar os problemas em casa".
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País Comunidade
Em declarações à agência Lusa, esta portuguesa, que vive no Canadá desde os quatro anos, referiu que alguns dos seus clientes são portugueses, mas no geral a comunidade portuguesa ainda "não é muito aberta" para estas questões, tem "algum receio" ou "não demonstra interesse" por este tipo de terapia.
Clarinda Brandão, que nasceu em Lisboa há 34 anos, decidiu criar há quatro anos o seu próprio projeto, 'Psychotherapy In The City'.
"Acho que eles têm medo de falar. Querem encarar os problemas sozinhos e são um pouco fechados. Deixam os problemas em casa, mas muitas vezes isso não decorre muito bem", frisou.
No entanto, acrescentou, os portugueses pouco a pouco começam a "consciencializar-se que a saúde mental é importante", mas é algo que "ainda não é suficiente", pois é necessária "uma maior sensibilização".
A psicoterapia é um método que tem como objetivo tratar os problemas psicológicos, nomeadamente a depressão, ansiedade, dificuldades de relacionamento, e outras questões relacionadas com a saúde mental.
A psicoterapeuta resolveu começar a ajudar quem precisa inspirada por uma situação pessoal, depois de a sua família ter perdido quase todo o dinheiro que ganhou num prémio da lotaria (um milhão de dólares canadianos, cerca de 700 mil euros) na década de 1980.
"Quando eu tinha nove anos, perdermos tudo. Passámos a ter uma casa pequena. Perdemos uma padaria que era nossa propriedade. Tivemos uma mudança radical e isso serviu-me de inspiração para compreender as dificuldades que as pessoas enfrentam", explicou.
Clarinda Brandão explicou que através dos seus métodos ajuda as pessoas pelo diálogo, compreende-as através de um padrão de comportamentos.
As doenças da área mental como a depressão ou ansiedade, são muitas das vezes desconhecidas, havendo ainda uma longo caminho a percorrer para que se ultrapassem todas essas barreiras, disse.
"Tem de haver consciencialização. Desabafar, dialogar, ajuda. Eu observo as várias reações das pessoas, a forma como reagem, e imagino como essa pessoa vê o mundo. É muito importante. A sua educação, como foram criados, e por quem. Essa reação familiar também é importante. O meu trabalho é guiar a pessoa, fazê-la compreender porque está assim", concluiu.
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