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"Paz e sossego" cativam clientes em hotéis só para adultos no Algarve

Os hotéis apenas para adultos, um pequeno nicho em Portugal mas com especial representação no Algarve, criaram uma oferta que cativa essencialmente casais estrangeiros, mas denúncias e contraordenações podem comprometer este segmento, que tem vindo a crescer.

"Paz e sossego" cativam clientes em hotéis só para adultos no Algarve
Notícias ao Minuto

11:42 - 13/08/16 por Lusa

País Algarve

Os hotéis apenas para adultos surgiram para responder à procura, essencialmente de casais estrangeiros, de férias com mais sossego, longe de gritos ou correrias de crianças. É uma prática que acontece um pouco por todo o mundo e, no Algarve, há mais de dez unidades a operar neste segmento, estabelecendo diferentes mínimos de idade (12, 16 ou 18 anos).

As unidades hoteleiras falam num aumento da procura e também de mais empreendimentos turísticos apenas para adultos, mas levantam-se problemas jurídicos.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) instaurou recentemente dois processos de contraordenação a empreendimentos no Algarve, considerando a prática ilegal.

Nos últimos cinco anos, a ASAE recebeu oito denúncias cujo conteúdo está relacionado com a restrição de acesso apenas "a parte das instalações do empreendimento turístico", como piscinas ou áreas de repouso, informou a autoridade.

Quer a ASAE quer a Deco -- Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor apontam para o regime jurídico de funcionamento dos empreendimentos turísticos, publicado em 2008, que refere que o acesso aos estabelecimentos "é livre", apenas podendo ser recusado a quem perturba o seu funcionamento ou caso haja uma reserva temporária do espaço.

Só no presente ano é que chegaram à delegação da Deco do Algarve as primeiras denúncias - um total de seis, disse à agência Lusa o jurista da associação, Pedro Gomes.

A restrição de entrada de crianças "é uma restrição com caráter genérico" e limita "a liberdade de escolha" dos consumidores, sublinha Pedro Gomes.

Já a Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) considera que este tipo de oferta "não está a ferir a legalidade", afirma o seu presidente, Elidérico Viegas, realçando que esta "é uma prática generalizada em todo o mundo" e que, caso os hotéis sejam alvo de contraordenações por parte da ASAE, "podem e devem contestar a decisão".

"Há hotéis que fazem da sua estratégia comercial não aceitar crianças e não me parece que seja uma estratégia condenável", enfatizou.

Também o presidente da Associação Portuguesa de Direito do Consumo (APDC), Mário Frota, considera que não se está perante uma situação ilegítima, antes "uma forma que o mercado encontra de atrair certos públicos".

Carmelita Lucas, que trabalha num espaço de alojamento local em Lagos, refere que, quando foi adotada a política de não aceitar crianças, há quatro anos, era "raro" ver hotéis no Algarve que se referiam como sendo apenas para adultos. Entretanto, "apareceram mais".

A escolha "foi uma aposta ganha - há cada vez mais clientes à procura" deste tipo de oferta, afirmou à Lusa o diretor de operações do hotel de cinco estrelas Bela Vista, em Portimão, que avisa no seu 'site' que não é recomendado a crianças.

Na página do grupo que detém a unidade, é referido que são "bem-vindas" pessoas a partir dos 12 anos.

Segundo Gonçalo Narciso, a aposta neste segmento está a aumentar, constatando-se um incremento de empreendimentos só para adultos no Algarve.

O hotel Luna Alvor Bay, com 149 estúdios, assumiu-se como "adults only" este ano, por não ter as "melhores condições para crianças" e querer garantir "qualidade e ver os clientes regressar", disse o diretor da unidade, Francisco Leote.

A maioria dos clientes, sobretudo estrangeiros e de meia-idade, gostam da medida. Sentem-se "mais relaxados" e encontram "mais paz e mais sossego", enfatizou.

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