Meteorologia

  • 05 MAIO 2024
Tempo
16º
MIN 16º MÁX 21º

O que dizem as associações da GNR sobre a criação de uma polícia única?

Ontem demos-lhe a conhecer a posição dos sindicatos da PSP quanto à criação de uma força policial única que englobe PSP e GNR. Hoje revelamos-lhe o que pensam os dirigentes das associações afetas à Guarda Nacional Republicana.

O que dizem as associações da GNR sobre a criação de uma polícia única?
Notícias ao Minuto

07:49 - 29/05/16 por Patrícia Martins Carvalho

País Exclusivo

Se a maioria dos sindicatos da PSP com quem o Notícias ao Minuto falou é a favor da criação de uma polícia única, o mesmo não se passa com as associações da GNR.

O presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG) disse ao Notícias ao Minuto que não tem uma posição formada a esse respeito, mas sublinhou que é uma questão que “não é consensual”.

Ainda assim, César Nogueira admitiu que o “país teria a ganhar [com uma polícia única] porque haveria uma redistribuição de efetivos”. Mas não só.

“A nível monetário certamente haveria ganhos porque deixaria de haver duplicação de efetivos, de meios materiais e até de instalações”, explicou o sindicalista.

Contudo, César Nogueira alertou para o facto de que as grandes dificuldades à fusão surgiriam ao nível dos “altos cargos”, pois tanto os da PSP como os da GNR “iriam querer assumir o cargo de comando dessa nova força”.

“Este é um assunto que deve partir do poder político. Tem de haver coragem política para isso e nós não acreditamos que exista. As cúpulas têm demasiado poder e (…) dificilmente se vai levar avante uma fusão porque haverá sempre constrangimentos por parte das cúpulas”, acusou César Nogueira.

Apesar de ter enumerado algumas das vantagens e também desvantagens de uma polícia única, o dirigente da APG continuou sem querer assumir uma posição, dizendo que tal só acontecerá quando for apresentado um “projeto preparado e definido”.

Da parte da Associação Nacional dos Oficiais da Guarda (ANOG) não foi possível obter uma reação do presidente, mas fonte da associação confidenciou ao Notícias ao Minuto que “numa primeira análise a associação estaria contra” tal proposta.

Uma das razões para esta posição, explicou a mesma fonte que preferiu não ser identificada, é a “matriz” da GNR, isto é, o seu cariz militar que está “bastante enraizado” na instituição e que muitos não querem perder.

E quanto às vantagens também não seriam muitas. A nível de poupança a mesma fonte garantiu que só deixaria de haver uma duplicação no que aos comandos distritais diz respeito, desconfiando ainda de uma alegada melhor circulação de informação após a unificação.

“Isto teria que ser muito bem discutido, muito bem negociado e teriam de ser ouvidas várias associações, especialistas e partidos”, afirmou o elemento da ANOG.

Numa posição mais dividida está o presidente da Associação Nacional dos Sargentos da Guarda (ANSG). Se por um lado José Lopes não quer perder o estatuto militar que a GNR tem, por outro lado defende a unificação das polícias, uma vez que “não há reconhecimento nem valorização” do serviço que é prestado pelos militares da Guarda.

Assim, perante o “desigual tratamento que existe entre a GNR e as congéneres forças do Ministério da Administração Interna”, o dirigente da ANSG defende uma unificação “para que se trate tudo pela mesma bitola”.

Nesta senda, José Lopes volta a realçar, em entrevista ao Notícias ao Minuto,  a “imparidade de tratamento” existente entre os militares e os agentes da PSP, pois os primeiros auferem um salário inferior mas estão obrigados às mesmas regras que os segundos no que diz respeito ao regime de aposentação.

Por haver esta falta de igualdade e até de reconhecimento pelo facto de os militares da GNR terem “mais obrigações” do que os elementos da PSP devido à sua condição militar, mas ainda assim terem compensações inferiores, o presidente da ANSG defende que o melhor caminho é mesmo o da unificação, até porque a criação de uma polícia única “acarretaria algumas poupanças”.

“Haveria uma maior rentabilização de recursos e uma consequente redução de duplicação de meios e serviços. Vai-se ganhar na coordenação das forças e na utilização dos recursos humanos”, apontou.

Quem é totalmente a favor da unificação da PSP e da GNR é José Alho.

O presidente da Associação Sócio - Profissional Independente da Guarda disse ao Notícias ao Minuto que “não há como aguentar esta panóplia de várias forças de segurança a fazerem o mesmo o que leva a uma duplicação de meios, de viaturas, de instalações e até de sistemas operativos”.

“Somos a favor da unificação tendo em conta o estado em que o país se encontra”, apontou, lembrando as dificuldades que Portugal atravessa.

Ainda assim, José Alho defende que, mais do que uma decisão política, esta deve ser uma questão que deve ser referendada para que a sociedade civil diga de sua justiça.

Apesar de reconhecer que a “matriz militar” da GNR é já uma questão cultural da instituição, o presidente da ASPIG garantiu que não vê “senão vantagens” na unificação.

Mais do que no setor da PSP, no que às associações afetas à GNR diz respeito o tema divide opiniões, embora haja um ponto comum: cabe ao governo, “seja ele qual for”, levar este assunto para a mesa de discussão.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório