Recolha de roupa usada convertida em 6.200 euros de ação social
A Câmara Municipal de Espinho e uma empresa de gestão e reciclagem de têxteis distribuíram hoje por duas instituições locais 6.200 euros relativos às contrapartidas pela recolha de roupa usada em 18 contentores dispersos pelo concelho.
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País Espinho
Em causa está uma parceria iniciada em maio, que vem permitindo à empresa Sarah Trading recolher mensalmente nas quatro freguesias de Espinho cerca de oito toneladas de roupa, que, após a devida triagem, é doada, exportada ou transformada em novos produtos - do que resulta para a autarquia uma contrapartida financeira de 100 euros por cada tonelada de material.
"Só entre maio e outubro foram recolhidas 48 toneladas no concelho e, às contrapartidas por essa quantidade, há que acrescentar mais 1500 euros que a empresa atribui no início do contrato", revela à Lusa o vereador Quirino de Jesus, que tutela o pelouro do Ambiente na autarquia.
Essa verba , acrescenta o autarca, "foi agora distribuída pelos bombeiros de Espinho, cujo orçamento é sempre curto, e pela delegação local da Cruz Vermelha Portuguesa, que, por sua vez, ajudará as famílias em situação de carência que já tem sinalizadas".
Daniela Pereira, gestora do projeto da Sarah Trading na região Norte, realça que, comparativamente a outros concelhos onde a empresa tem em curso o mesmo programa, Espinho superou largamente as expectativas. "Temos municípios maiores, com mais habitantes e com mais contentores que não alcançaram estes resultados mensais", explica. "E ainda nem fizemos nenhuma campanha de sensibilização", observa.
A comunidade local já terá, contudo, alguma predisposição para este tipo de iniciativa, uma vez que a autarquia se iniciou neste tipo de parceria em 2012. "A questão é que, ao fim de três anos, decidimos que não devíamos renovar contrato sem primeiro consultar o mercado, dadas as mudanças sociais que se verificaram entretanto, e então auscultámos cinco empresas do setor para avaliar qual teria melhor serviço", revela Quirino de Jesus.
A Sarah Trading destacou-se como "mais transparente", ao permitir que a Câmara acedesse à pesagem das roupas recolhidas, e também a mais generosa em contrapartidas: "Em vez de roupa usada, oferece às crianças da Cruz Vermelha 'kits' de roupa nova, de acordo com o levantamento de necessidades feito pela instituição, e ainda entrega à autarquia 100 euros por cada tonelada recolhida, para além dos 1.500 euros no início do contrato".
Feitas as contas, o vereador garante que a parceria "já beneficiou cerca de 500 famílias" e anuncia para o concelho a instalação de "mais oito contentores de recolha", agora com um maior envolvimento por parte das juntas de freguesia.
Quanto ao interesse da própria Sarah Trading neste tipo de parceria, Daniela Pereira esclarece: "Somos uma empresa 100% nacional que trabalha com entidades públicas ou privadas em todo o território português, para recolher essencialmente roupa e calçado, mas também livros e brinquedos, que costumam sempre aparecer também".
Uma vez recolhido esse material, a respetiva triagem encaminha-o para um de três destinos: a doação, quando as peças estão em estado novo e se revelam úteis para instituições sociais, por exemplo; a valorização, quando os artigos "já não correspondem aos padrões de qualidade portugueses e são exportados para outros países, onde ainda terão procura"; e a reciclagem, que permitirá transformar esses têxteis em novos produtos, como outro vestuário, estofos de automóvel e isolamentos para imóveis.
"O que é pena é que ainda nenhum destes serviços se faz em Portugal", lamenta Daniela Pereira. "Estamos em busca de produtores que atuem nessas áreas e pretendemos tornar-nos um centro de reciclagem de têxteis, mas ainda não temos uma rede de abastecimento sólida que nos permita esse tipo de investimento", refere.
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