Antes de a assembleia começar, algumas dezenas de feirantes protestaram junto ao edifício da câmara municipal contra a transferência da Vandoma das Fontainhas, ao lado do centro histórico, para um local distante, a Avenida 25 de Abril, em Campanhã.
Os manifestantes tinham um cartaz com a inscrição "não ao fim da Vandoma nas Fontainhas" e alguns assistiram depois ao debate, que se estendeu por cerca de duas horas.
"O que está a estorvar é a feira ilegal", disse à agência Lusa uma feirante.
"Os feirantes legais estão a cumprir as regas que foram impostas pela Câmara. Quem não cumpriu foi a polícia", acrescentou um manifestante.
A autarquia argumenta que decidiu acabar com a Vandoma nas Fontainhas porque não tem meios para uma fiscalização eficaz.
"Para nós, a Vandoma, tal como está, não cabe nas Fontainhas", afirmou o presidente da câmara, Rui Moreira.
O autarca disse que "não há no Porto, neste momento, polícia suficiente" para agir contra os feirantes ilegais e disciplinar o estacionamento e a ocupação do espaço público naquela zona da cidade aos sábados, dia em que há feira.
Rui Moreira acrescentou que "em todas as operações policiais que têm decorrido em Vandoma há gente presa" e concluiu que as Fontainhas "não têm condições" para uma feira como aquela, que começou por ser de objetos usados mas extravasou os seus limites e já motivou queixas de moradores.
A câmara quer tirar dali a Vandoma, mas, por outro lado, decidiu mudar para o mesmo local a Feira dos Passarinhos, que se realiza, aos domingos, em frente da antiga Cadeia da Relação, perto dos Clérigos.
Para a deputada bloquista Ada Pereira da Silva, "o barulho da Feira dos Passarinhos é bem superior ao da Vandoma e a higiene será afetada".
"Tirar dali a Vandoma é extinguir esta feira", argumentou, no que foi acompanha pelo PSD.
Rui Moreira contrapôs que a Avenida 25 de Abril "é um local amplo onde cabem todos" e disse que os mercados similares de outras cidades europeias "são todos em periferias que se querem requalificar".
"Não pode haver na cidade zonas proscritas", continuou, afirmando que a nova localização "tem excelentes condições para vir a ser um novo polo" de desenvolvimento numa zona envelhecida e degradada.
O social-democrata Luís Artur propôs a Rui Moreira que este ponto fosse retirado, o que foi recusado pelo autarca, que recordou que os vereadores do PSD votaram a favor desta proposta.
"Estavam, obviamente distraídos", reafirmou Luís Artur.
Para este deputado, "retirar a Vandoma das Fontainhas é matar a Feira da Vandoma como existe, uma feira popular com caraterísticas únicas e que faz parte da marca Porto", sendo já uma atração turística.
"O que é preciso é disciplinar a feira, não é retirá-la de lá", sustentou, considerando também que a câmara falhou na fiscalização e, com esta proposta, assumiu a sua "incompetência" para lidar com os problemas da Vandoma.
O socialista Gustavo Pimenta salientou que o executivo camarário, de que faz parte o PS, "porá sempre o interesse geral à frente do interesse particular e André Noronha, líder do grupo Porto, O Nosso Parido, afeto a Rui Moreira, disse que "o Porto não termina nas Fontainhas que este feira tem capacidade atrativa para se desenvolver".
A proposta foi aprovada com 28 votos favoráveis e 17 contra.