O crescente número de visitantes a chegar ao Porto via terra, mar e ar está a levar a um aumento da oferta ao nível de transportes e roteiros turísticos para acolher os milhares de turistas e, embora a maioria dos operadores turísticos seja unânime a dizer que "há espaço para todos", eles clamam, por seu turno, por um regulamentos municipal e uma harmonização de regras.
"Há espaço para todos, desde que todos percebam qual é a sua função", defende Rui Saraiva, diretor do departamento da Douro Azul nas áreas dos autocarros panorâmicos, cruzeiros rabelos e helicópteros, explicando que os 'tuk tuk' e os autocarros descapotáveis, por exemplo, não estão talhados para um serviço de aeroporto/hotel, mas sim os táxis.
Rui Saraiva diz que "não há mau ambiente" entre os vários operadores e que o que existe é uma "concorrência saudável", e sublinha que se todos fizerem um bom serviço, "amanhã o Porto não vai ter apenas alguns milhões de turistas, vai ter algumas dezenas de milhões de visitantes".
"É preciso acompanhar este crescimento com qualidade e com sustentabilidade futura", sugere, acreditando que "se falharmos enquanto operadores turísticos, estamos a dar uma má imagem do destino do Porto".
A constatação de que há espaço para todos também é partilhada pela empresa de um casal francês, a Ecolotour, que tem uma frota de oito 'tuk tuk' elétricos a circular no Porto com variados roteiros turísticos e com preços entre os 10 e os 95 euros.
Gonçalo Bessa, 24 anos, motorista e guia turístico de um desses triciclos elétricos no Porto e que fala quatro idiomas, conta à Lusa que a mais-valia dos transportes típicos da Tailândia é poderem circular nas ruas mais estreitas do Porto onde não chegam nem táxis, nem autocarros.
A convivência com os outros operadores é saudável, apesar de haver algum "choque direto" com os taxistas, que por vezes mandam "bocas pouco agradáveis" do género "welcome to China" (bem-vindos à China) e "apitam", conta Gonçalo Bessa, referindo, todavia, que os motoristas dos autocarros turísticos são uma espécie de "paizinhos" para os 'tuk tuk', protegendo-os no trânsito e dando-lhes mesmo prioridade na passagem.
Florêncio Vaz, 58 anos e motorista de táxi no Porto há 31, diz que lhe desagrada "bastante" o "empate" que os 'Tuk tuk' e os riquexós causam no trânsito, por pararem de "qualquer forma, em qualquer lado e não estão preocupados se estão a criar boas condições de circulação ou não".
Gilberto Santos, 70 anos e taxista há 34 anos, também acusa os 'tuk tuk' e 'riquitós' de não terem condições para transportar pessoas, mas constata que os turistas não vêm para o Porto para andar de táxi e que preferem experimentar alternativas.
Miguel Guimarães, impulsionador dos 'riquitós' no Porto -- a imitar os riquexós do Vietname -, defende que todos os meios de transporte turísticos "têm lugar" na cidade.
"Todos preenchem lacunas que estavam por preencher" e os turistas, quando questionados, acusam que uma das deficiências do Porto é a "falta de transportes", refere o motorista de um dos quatro 'riquitós' que existem no Porto desde há um mês.
Para circularem, os 'riquitós', que têm uma autonomia de cerca de 40 quilómetros e vieram dos EUA por um custo de seis mil euros cada um, precisaram de uma licença do Turismo a confirmar que eram uma empresa de atividades de animação turística.
Miguel Guimarães conta que tem havido "muita recetividade dos turistas", principalmente de franceses, para fazer os percursos da Ribeira à Ponte da Arrábida, Afurada (Gaia), margem direita do Douro ou Passeio Alegre.
A Frente Atlântica, composta pelos municípios do Porto, Gaia e Matosinhos, reuniu recentemente com os operadores turísticos Douro Azul, Douro Acima e Carris Tour para traçar um regulamento intermunicipal que ajude a resolver conflitos entre operadores e encontrar um equilíbrio entre os interesses dos municípios e dos operadores.