O presidente da Liga Portuguesa de Bombeiros, António Nunes, reagiu, esta noite de domingo, na antena da TVI/CNN ao polémico fogo de artifício levado a cabo pela organização de festas de Marinhais, no distrito de Santarém, durante este fim de semana.
“Não há muitos comentários a fazer”, começou por lamentar o dirigente, lembrando que, “em agosto, é natural haver um conjunto de festas, porque é altura em que os emigrantes gostam de visitar as suas terras natais”.
Recorde-se que, na sexta-feira, depois de o Governo ter declarado que iria decretar situação de alerta, a organização das festas desta vila, situada no concelho de Salvaterra de Magos, decidiu antecipar o fogo de artifício das suas festas locais para as 23h30 de sábado, fugindo assim às proibições inerentes à situação de alerta - que começavam à meia-noite.
“Nós temos, enquanto cidadãos, uma fraca cultura de segurança”, atirou António Nunes, considerando que aquilo a que se assistiu em Marinhais tem muito a ver “com a forma como enfrentamos a segurança, e não é só no verão”.
Apesar disso, o presidente da Liga Portuguesa dos Bombeiros considerou que “estas atitudes ponto de vista local se percebem, até porque muitas das vezes estão envolvida elevadas quantias monetárias das comissões de festas” neste tipo de animações festivas.
"A segurança não dá votos"
A solução, considerou ainda, passa por investir mais na educação das pessoas para este tipo de fenómenos extremos no verão.
“Portugal não tem uma cultura de segurança e essa é uma das competências que a Proteção Civil devia exercer com maior acuidade porque quando o fazemos temos bom resultados. Não somos proativos mas também não somos desafiados para o ser”, vincou, lembrando que, iniciativas como “o programa ‘Aldeias seguras, pessoas seguras'" levou a que "um conjunto vasto de pessoas aderisse a estes projetos".
Lembrando que "o mundo não é igual ao que era há alguns anos e que há alterações climáticas", António Nunes lembrou o porquê de a segurança em relação aos fogos não ser uma área com grande investimento.
“A segurança não dá votos. Nesta altura há sempre políticos a dizer que é preciso apostar mais na prevenção, no combate. Mas passados os dias de aflição voltamo-nos para outros assuntos do dia a dia – habitação, remunerações, custo de vida - e esquecemo-nos da segurança até um próxima acidente”, considerou.
Marinhais antecipa fogo de artifício para fugir a proibições
A Ministra da Administração Interna Maria Lúcia Amaral decretou este sábado, numa conferência a partir do Palácio de São Bento, "situação de alerta em todo o território continental" - que entrou em vigor a partir da meia noite e se prolonga até às 23h59 de quinta-feira, dia 7 de agosto.
"Esta decisão decorre da manutenção de temperaturas muito altas, dos baixos níveis de humidade e da necessidade de adotar medidas preventivas e especiais de resposta ao risco de incêndio em grande parte do território continental", declarou a ministra.
Poucas horas depois deste anúncio, a organização das festas de Marinhais antecipou em uma hora o lançamento do fogo de artifício (para as 23h30), que tinha previsto para esse dia.
Numa publicação no Facebook, no dia anterior, era indicado que o lançamento de fogo de artifício aconteceria às 00h30 de domingo - o que seria meia hora depois da entrada em vigor da situação de alerta. Depois do aviso do Governo, a organização decidiu antecipar o evento uma hora, para ter início às 23h30 e, assim, não violar a declaração do Governo.
A decisão gerou várias reações com muitos a acusarem esta autarquia de "falta de noção".
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