Mais de duas centenas exigiram no Porto medidas para a habitação

Mais de duas centenas de pessoas participaram hoje, no Porto, numa manifestação de protesto contra os elevados preços das casas e exigiram ao Governo medidas urgentes para solucionar este problema.

Manifestação pelo direito à habitação no Porto

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Lusa
29/06/2025 18:08 ‧ há 4 horas por Lusa

País

Porto

"Estamos aqui, mais uma vez, para reivindicar o direito à habitação para todos, sem exceção. O problema tem vindo a agravar-se nos últimos anos e aqueles que realmente precisam ficaram de fora de todos apoios. Nós precisamos é de um governo que implemente medidas que ajudem a população, aqueles que vivem e trabalham no nosso país", disse à Lusa, Raquel Ferreira, do movimento organizador Porta a Porta.

 

Em seu entender, "o programa do Governo não inclui medidas que ajudem a resolver este problema, pelo contrário, agravam-no".

"E por isso estamos na rua hoje como estivemos no sábado em 12 outras cidades do país, como estivemos há uns meses e como continuaremos a estar se não houver resposta", disse.

Raquel Ferreira usou dados do Instituto Nacional de estatística (INE) para afirmar que "os preços das casas aumentaram, como nunca foi visto".

"As perspetivas que temos não são animadoras e é necessário que haja esta mobilização popular pelo direito à habitação, porque é uma questão de dignidade", acrescentou.

O Índice de Preços da Habitação do INE revelou que no 1.º trimestre deste ano, face ao período homologo, as casas ficaram mais caras cerca de 16%, "o maior aumento desde que há registos nas bases do INE", segundo os organizadores do protesto, que esperavam maior adesão.

"Sabemos que este tempo é convidativo para ir à praia, para outro tipo de programas em família, mas a verdade é que os despejos não param por estar calor e as rendas não ficam mais baixas por causa do tempo, portanto é necessário que as pessoas percebam a gravidade do problema e se juntem a nós", apelou.

Agostinha Maia vive num bairro social, no Porto, optou por participar no protesto, não porque não tenha casa, mas porque a situação que se vive neste setor no país "é uma vergonha".

"Hoje em dia, o salário mínimo nacional não dá para pagar uma renda. Recentemente tive um filho que viu a renda aumentar de 650 para 1.200 euros. Felizmente conseguiu resolver o seu problema, mas a maioria não tem as mesmas condições. E vão viver com quem, para a casa dos avós? Até estes correm o risco de perderem a sua própria habitação", lamentou.

Um outro participante, já idoso, disse à Lusa estar a lutar pelo direito à habitação, mas também pela paz.

"Se não houver paz, tudo está muito mal", disse, referindo que, embora tenha casa própria, decidiu participar "pelos jovens que deixaram de ter condições e tiveram de voltar para a casa dos pais".

Contou que na sua juventude vivia numa zona onde não havia casas de banho e foi, durante muito tempo, tomar banho aos balneários públicos no Campo 24 de Agosto, no Porto.

"Querem voltar a isso? É injusto", afirmou.

Também Fernando Barbosa disse estar presente por uma questão de solidariedade com os mais novos, com aqueles que "já perderam a perspetiva de ter uma casa".

Joaquim Gomes, mais conhecido pelo Maradona das Artes Gráficas, explicou que está a "lutar" porque a sua consciência assim o obriga.

"Pensei que ia encontrar aqui centenas e centenas de jovens. E onde é que eles estão, os jovens? Na praia, a dormir", lamentou Joaquim Gomes.

Gonçalo Monzone, de 26 anos, optou por não ir para a praia, para participar no protesto.

Veio de Vila Real, é trabalhador independente e criou uma organização de animação turística, mas as perspetivas de poder sair de casa da família estão "um bocado complicadas".

"Vemos as rendas cada vez a aumentar mais, a serem cada vez feitos mais empreendimentos turísticos, alojamentos locais e vemos quase nenhumas medidas para a habitação e habitação social. E acho que é muito importante para nós jovens, e para as pessoas em geral, lutar por este direito", afirmou.

Depois de se concentrarem na Praça da Batalha, os manifestantes desfilaram até à Avenida dos Aliados, no Porto.

Leia Também: Chega propõe maior descida do IRS do que o Governo para a classe média

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