Em declarações à agência Lusa, André Escoval, um dos porta-vozes da organização e membro do movimento Porta a Porta, disse que a manifestação pretende fazer com que "o Governo aplique o caderno reivindicativo de emergência para a habitação que a plataforma Casa para Viver hoje aqui apresenta".
"Nós estamos perante uma situação de extrema gravidade no nosso país, até já reconhecida pela União Europeia que recomendou ao Governo o controlo das rendas, pediu ao Governo a limitação do alojamento local, e até agora o Governo nada fez, pelo contrário", afirmou André Escoval, defendendo políticas ao serviço de quem precisa de casas para viver.
"As casas não são uma mercadoria, as casas têm uma função social que é as pessoas viverem nelas e, nesse sentido, [o Governo] tem de tomar medidas condizentes com isso", exigiu.
A crise da habitação, que afeta Lisboa, mas também a generalidade do país, é o que motiva a manifestação, que juntou, até pelas 16h00, "largas centenas" de pessoas no Largo de Camões, indicou André Escoval, manifestando a convicção de que a adesão "vai crescer ao longo do caminho".
A concentração foi agendada para as 15h30, com uma marcha do Largo do Camões até ao Arco da Rua Augusta, com passagem pela Praça do Rossio, num percurso de cerca de 1,5 quilómetros.
"Quem especula, expulsa... quem resiste, constrói!!!", é uma das mensagens nos cartazes erguidos na manifestação.
A marcha arrancou pelas 16h15, com palavras de ordem como "Abril exige casa para viver", "casa é para morar, não é para especular" e "baixem as rendas, subam os salários".
"Estamos fartos de escolher: pagar a renda ou comer", foi outra das frases de protesto que ecoaram pela Baixa de Lisboa, inclusive na Rua Garrett, enquanto os turistas passeavam pela cidade.
No arranque do protesto, André Escoval antecipava: "Vamos encher a Baixa de Lisboa e a Rua Augusta, que deixou de ter pessoas para ter comércio para o turismo. Vai ficar cheia de pessoas daquelas que precisam de viver no centro da cidade e isso já é uma grande ação".
Além de vários grupos e associações pelo direito à habitação, a manifestação contou com a representação política de PCP, BE e Livre.
Entre os manifestantes esteve também a antiga deputada Helena Roseta, autora da primeira Lei de Bases da Habitação, aprovada em 2019, que participa como cidadã em defesa do cumprimento do direito à habitação, previsto na Constituição da República.
Entre sábado e domingo, Aveiro, Beja, Braga, Coimbra, Covilhã, Elvas, Faro, Lisboa, Portimão, Porto, Setúbal, Viana do Castelo e Viseu vão promover uma jornada de luta pela habitação e apresentar um Caderno Reivindicativo de Emergência para o problema.
[Notícia atualizada às 17h18]
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