O antigo diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) António Gandra d'Almeida autorizou, quando ainda estava no cargo, um pagamento que o abrangia a si próprio.
A notícia é avançada pela CNN Portugal, esta sexta-feira, e explica que em causa está a 'luz verde' dada a um pagamento com valores majorados para serviços de tarefeiro nas urgências da Guarda - num contrato de 29 mil euros.
Explica a CNN Portugal que o pagamento foi autorizado quando Gandra d'Almeida era CEO do SNS e em causa estava a autorização do pagamento "de um valor por hora superior ao estipulado para serviços médicos, que ele próprio prestou na urgência da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda."
"A autorização de majoração não identificava os intervenientes, e foi realizada no segundo semestre de 2024. Tratava-se de uma autorização genérica, como várias outras dezenas de autorizações idênticas, e como tal quando assinei, não tive conhecimento ou percepção que me abrangia", explicou à emissora, quando questionado sobre o assunto.
O antigo responsável pelo SNS acrescentou que, quando teve conhecimento de que a situação o abrangia, "em fevereiro/março deste ano", informou "de imediato" e sua "iniciativa o atual Diretor Executivo, que anulou a autorização prévia."
Face à situação, o antigo CEO reforçou que não sabia que estava a decidir em causa própria e descartou ter tido "qualquer benefício" com qualquer despacho proferido por ele.
Segundo um documento da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) citado pela CNN Portugal, é sugerido que a ULS da Guarda solicite a devolução dos 29 mil euros, ou, pelo menos parte deles, à empresa de Gandra d'Almeida, a Raiz Binária.
O ex-CEO e a saída polémica
Recorde-se que António Gandra d'Almeida apresentou a sua demissão do cargo em janeiro deste ano, depois de uma investigação da SIC Notícias dar conta de que o então CEO do SNS tinha aceitado salários de forma indevida, antes de aceitar o convite do Governo para assumir a liderança do SNS.
Gandra d'Almeida considerou na altura que a reportagem tinha "falsidades e imprecisões" que lesavam o seu bom nome.
Já no final de 2024 António Gandra d'Almeida tinha estado envolvido numa outra polémica, que levou também à abertura de uma investigação por parte da IGAS. Em causa está uma denúncia anónima, na qual Gandra d'Almeida, que foi submetido a uma cirurgia plástica em outubro, foi acusado de desrespeitar as regras das listas de espera, no Hospital de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.
Foi em maio de 2024 que o Governo anunciou que tinha escolhido o médico militar António Gandra d'Almeida para substituir Fernando Araújo como diretor-executivo do SNS. A escolha viria a ser aprovada em Conselho de Ministros no mês seguinte. Após a saída, o cargo foi ocupado por Álvaro de Almeida.
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