"Foi em 1395 que nasceu a primeira corporação organizada de bombeiros do nosso país. O embrião do que hoje é o Regimento de Sapadores Bombeiros não foi por acaso. Lisboa sempre soube que o seu desenvolvimento dependia da sua proteção e, por isso, dependia de quem a protege. E é essa proteção, feita de coragem, de sacrifício e humanidade, é aquilo que hoje celebramos", afirmou Carlos Moedas, no seu discurso na cerimónia dos 630 anos do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa (RSBL).
A cerimónia decorreu no Terreiro do Paço, com um desfile de forças em parada e veículos motorizados, com a presença do comandante do RSBL, Alexandre Rodrigues, e do presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), José Manuel Moura, assim como de vereadores da Câmara de Lisboa e de deputados da Assembleia Municipal.
Enaltecendo "a força de 630 anos de história" do RSBL, "que, ano após ano, se renova para servir a cidade", o presidente da Câmara de Lisboa destacou três pilares que sustentam este legado: a instituição, a preparação e o serviço.
"Vivemos num tempo em que as instituições estão ameaçadas. Um tempo em que as instituições que nos definem enquanto comunidade são colocadas em causa. Muitas, em muitos pontos do mundo, colapsam. Quantas instituições criadas em 1395 chegaram aos nossos dias? Esta é uma ocasião para recordar que as instituições são os pilares invisíveis que sustentam a nossa civilização e os bombeiros sapadores são a instituição que sustenta a cidade, são os guardiões da cidade", declarou Carlos Moedas.
A este propósito, o autarca recordou a coragem dos bombeiros que combateram os incêndios depois do terramoto de 1755 e o grande incêndio do Chiado em 1988.
Relativamente à preparação, o presidente da câmara indicou que "a segurança pública não é fruto da sorte, nem do acaso, é um trabalho constante, uma missão permanente", lembrado que, neste mandato 2021-2025, a cidade enfrentou duas cheias, dois pequenos terramotos e um apagão da energia elétrica.
Carlos Moedas revelou que o apagão, em 28 de abril deste ano, que afetou Portugal continental e Espanha, foi "um dos momentos mais difíceis" desde que é presidente da Câmara de Lisboa, porque testou a resiliência da cidade, com os bombeiros sapadores a mostrarem que "estão preparados para responder ao inesperado".
"Porque enquanto a cidade parou, vocês avançaram. Resgataram as pessoas que estavam fechadas em elevadores, patrulharam as ruas às escuras, mostraram que, mesmo quando tudo falha, os bombeiros sapadores nunca falham. Mostraram que, mesmo na escuridão, há valores que não se apagam: a coragem para enfrentar o desconhecido, o apoio desinteressado a quem precisa e o sacrifício pelo bem comum", expressou.
Quanto ao "exemplo de serviço" do RSBL, o autarca lembrou o apoio na resposta às cheias na comunidade espanhola de Valência, registadas em 29 de outubro de 2024, em que os bombeiros sapadores integraram a Força Operacional Conjunta de Proteção Civil e das Forças Armadas, que esteve em serviço no país vizinho.
O dever da câmara, segundo Carlos Moedas, é dar condições ao RSBL para proteger a cidade, pelo que, neste mandato autárquico, houve "um total de oito milhões de euros" de investimento em equipamento.
"Hoje podemos afirmar com orgulho que, pela primeira vez em décadas, voltámos a ter mais de 1.000 bombeiros sapadores em Lisboa", realçou, indicando que foram recrutados 60 novos bombeiros em 2024 e prevê-se, em julho, um concurso para mais 80 vagas.
O social-democrata destacou ainda a conclusão da requalificação de dois quartéis, o da Graça e o da Av. Dom Carlos I, e a realização de obras no quartel de Santo Amaro, assim como a escola do RSBL em Marvila, "que está cada vez mais próxima de se tornar realidade".
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