Segundo a mesma fonte, a leitura do acórdão, que já foi adiada uma vez, vai ter lugar a 11 de setembro, pelas 14h00.
Os 29 arguidos no processo aguardam assim há quase um ano pela conclusão do julgamento, que teve início em 09 de março de 2022, no Tribunal de São João Novo, no Porto.
Em 21 de setembro de 2023, data em que se realizou a última sessão, com o fim das alegações finais, o coletivo de juízes agendou para 04 de janeiro a leitura da decisão do julgamento.
No entanto, o juiz-presidente, que durante este julgamento viria a ser promovido a juiz desembargador no Tribunal da Relação do Porto, decidiu adiar a leitura do acórdão dizendo que, contrariamente a todas as suas expectativas, não tinha sido ainda possível "concluir integralmente os trabalhos de deliberação do tribunal e, consequentemente, redigir o acórdão".
"Sendo pouco provável que tal possa ainda acontecer no futuro próximo (...). Assim, e de modo a evitar uma deslocação dos diversos sujeitos processuais a tribunal na aludida data [04 de janeiro], dá-se a mesma sem efeito, sendo que oportunamente se designará a data para a leitura da decisão do tribunal, logo que for possível fazê-lo com a certeza de que, nessa altura, será possível efetuá-la", lia-se no despacho do Tribunal do Porto, a que a Lusa teve acesso, na ocasião.
O presidente da TPNP de 2009 a janeiro de 2019 é o principal arguido no processo, que se centra nos crimes alegadamente cometidos por Melchior Moreira através desta entidade, nomeadamente, em ofertas públicas de emprego, nas relações com o futebol, em ajudas de custo/fundo maneio, em férias no Algarve e nos negócios com a empresária da área da comunicação Manuela Couto.
Em causa estão procedimentos de contratação de pessoal e aquisição de bens, a utilização de meios deste organismo público para fins pessoais e o apoio prestado a clubes de futebol, a troco de contrapartidas e favores pessoais ao então presidente da entidade, Melchior Moreira, que, segundo o Ministério Público (MP), tinha a "ambição de concorrer à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional".
O processo denominado de Operação Éter tem 29 arguidos (21 singulares e oito entidades coletivas) e envolve cerca de centena e meia de crimes económicos, nomeadamente corrupção, peculato, participação económica em negócio, abuso de poder, falsificação de documento e recebimento indevido de vantagem.
Nas alegações finais, o MP pediu penas efetivas de prisão para três dos 21 arguidos singulares: Melchior Moreira, a empresária Manuela Couto (agora Manuela Sousa - ex-mulher do antigo presidente da Câmara de Santo Tirso Joaquim Couto) e Isabel Castro, à data dos factos uma das diretoras da TPNP, admitindo penas suspensas para os restantes arguidos.
O MP defendeu também a condenação do presidente do SC de Braga António Salvador e do ex-presidente do Vitória Sport Club (VSC), ambos por falsificação de documento, crime alegadamente cometido nos contratos de publicidade nas camisolas dos clubes, celebrados com a TPNP, mas defendeu a absolvição de Júlio Mendes de corrupção, uma vez que não houve "um toma lá, dá cá", entre o então presidente do VSC e Melchior Moreira.
Em sentido inverso, a defesa de todos os arguidos pediu a absolvição dos respetivos constituintes, considerando que não ficou provado que tenham cometido qualquer crime pelos quais estão a ser julgados, apontando o dedo à investigação e "à narrativa" do MP.
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