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25 Abril. Recordar data ajuda a defender de extremismos, dizem jovens

Recordar o 25 de abril ajuda os jovens a defender-se de extremismos mas também a valorizar a democracia, consideram alunos que hoje participaram numa iniciativa sobre a revolução de que só conhecem da história.

25 Abril. Recordar data ajuda a defender de extremismos, dizem jovens
Notícias ao Minuto

20:55 - 24/04/24 por Lusa

País 25 Abril

Foram cerca de 300 os que na tarde de hoje estiveram no Quartel do Carmo, em Lisboa, oriundos de escolas de Aveiro, Coimbra, Palmela, Tocha ou Marinha Grande, entre outras, para ouvir nomeadamente o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o coronel Vasco Lourenço, da Associação 25 de Abril, e o fotógrafo Alfredo Cunha, que fotografou a revolução em Lisboa, há 50 anos.

E também para fazerem perguntas, com alguns deles a explicarem à Lusa o que sabem do 25 de abril e como o vivem hoje, nascidos mais de 30 anos depois da também chamada revolução dos cravos.

Maura Almeida, de 19 anos, aluna do externato Álvares Cabral, Lisboa, ouviu falar da data ainda em Angola, onde nasceu, mas admitiu que só a começou a entender e valorizar em Portugal, nas aulas de história.

Só aí, diz, percebeu a ligação entre a revolução e a independência do seu país.

Em Portugal há três anos, Miriam, 18 anos, é meio espanhola. Desde nova ouviu falar do 25 de Abril através da mãe, mas só na escola percebeu a importância de o país passar de uma ditadura para "ser uma coisa como deve ser". E lamenta que talvez muitos jovens conheçam a data, mas não saibam a história que está por detrás dela, o motivo por que se celebra passados 50 anos.

A mesma ideia tem Daniel Gaspar, 19 anos, razão porque defende que "as escolas deviam abordar um bocadinho mais" o tema, para que todos os jovens tenham a ideia do que é o 25 de Abril. É, disse à Lusa, "um tema que deve ser lembrado", porque a liberdade é algo por que muitos lutam até hoje.

Ao longo das mais de duas horas de intervenções, de perguntas e respostas, falou-se de liberdade e democracia, do Estado Novo, contaram-se episódios do 25 de abril, alguns documentados com fotografias de Alfredo Cunha, que as ia explicando.

João Pedro, 17 anos, e António Pinho, de 18, chegaram de Aveiro. Os dois valorizam a data que os trouxe a Lisboa, os dois acreditam que a maior parte dos jovens também o fazem.

"Para mim o 25 de Abril é talvez a data mais importante de cada ano. É uma celebração que me dá particularmente muito gosto viver, enquanto democrata e enquanto cidadão de Portugal".

João Pedro falou do avô, que esteve na guerra colonial, fala dos "horrores do Estado Novo", garante que os jovens têm o dever de lutar por preservar a democracia, a liberdade e a paz, afiança que é importante "incluir os jovens no processo democrático".

Os jovens de hoje, que não conheceram regimes repressivos nem as lutas contra eles, talvez cedam mais facilmente a fenómenos de extrema-direita do que alguém que passou pelo anterior regime ditatorial.

António Pinho acrescentou: "há uma ideia de democracia como uma coisa adquirida, e muitas vezes desvalorizamos essas conquistas que o 25 de Abril nos trouxe".

Alguns com camisolas das respetivas escolas, outros com bonés verdes ou vermelhos oferecidos pela organização, um lápis azul e um cartão em branco, os jovens mostraram saber do que falavam nas perguntas que deixaram a Marcelo Rebelo de Sousa e Vasco Lourenço.

Na cerimónia estiveram também o ministro da Educação, Fernando Alexandre, a ministra da Juventude, Margarida Balseiro Lopes, e a Comissária Executiva da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, Maria Inácia Rezola.

Fernando Alexandre lamentou que durante décadas se tenha deixado que os jovens de 15 anos deixassem as escolas "para ir trabalhar nas fábricas", lamentou que o Estado Novo não tenha percebido a importância da Educação. Vasco Lourenço diria depois que Salazar sabia muito bem a importância da Educação e que não investiu nela de propósito.

Na resposta a uma pergunta dos jovens o coronel deixou avisos sobre o perigo da ascensão da extrema-direita, afirmando que "não passe pela cabeça de ninguém que um partido de extrema-direita, se chegar ao poder, vá melhorar o Serviço Nacional de Saúde".

Na cerimónia de hoje foi revelado o mural digital colaborativo que resultou da campanha "a minha liberdade é de todos", um projeto da Comissão para que os jovens transformem o lápis azul da censura como símbolo da liberdade de expressão.

Leia Também: 25 Abril. Democracia e passado colonial centrais nos discursos de Marcelo

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