"Portugal mostra que é capaz de organizar e de estar à altura, é fundamental que seja todos os dias, que não seja apenas em certos momentos ou em certos períodos", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas no Parque Eduardo VII, em Lisboa, onde decorre esta tarde a cerimónia de acolhimento dos peregrinos da JMJ, que contará com a presença do Papa Francisco.
O chefe de Estado disse sentir-se mobilizado e considerou que "mais do que emocionante, [a JMJ] é um momento de mobilização dos jovens, mas também de alguma maneira de mobilização nacional".
Marcelo classificou também Francisco como "o Papa da transformação do mundo".
Questionado sobre o encontro do Papa Francisco com vítimas portuguesas de abusos sexuais na Igreja, Marcelo disse que o Papa "foi muito claro ao assumir a iniciativa e a responsabilidade de falar em nome da igreja universal", realçando que Francisco inscreveu este encontro "na ordem da agenda da visita logo no começo da visita, logo no primeiro dia da visita".
"Eu penso que não foi por acaso que o Papa escolheu isso como um dos primeiros pontos do primeiro dia de visita, quer dizer que dá prioridade. Como dá prioridade e deu hoje ao receber migrantes e refugiados, aos problemas de inclusão, e deu prioridade à escola, e ao futuro da juventude, e deu ontem prioridade à reforma da igreja. Portanto, tudo o que ele elegeu como prioritário, corresponde a realidades que são prioritárias", defendeu.
Marcelo mostrou-se convicto de que o Papa teve este encontro com vítimas "em concertação com a Igreja portuguesa".
"Mas quis assumir a nível universal, sabendo que há dramas que são das igrejas nacionais, mas tiveram uma repercussão mundial. E quando ele diz que é preciso dar certos testemunhos - os políticos darem, os europeus darem, a igreja dar, as instituições, as universidades e escolas darem - ele está a falar de problemas reais e está a dizer de uma forma muito aberta, se não se toma a iniciativa antecipando, ninguém trava os dinamismos históricos", afirmou.
Interrogado sobre que temas já abordou com o Papa, Marcelo respondeu que tudo o que Francisco "diz nos discursos é o que pensa e o que diz em privado", tendo abordado vários assuntos desde a Europa, a guerra, a paz, o mundo, as migrações, os direitos humanos, as exclusões, a reforma das instituições, a própria igreja" ou ainda "a escola e os jovens".
Sobre os protestos das forças de segurança durante o evento, Marcelo deixou "uma palavra para todos quantos têm garantido a segurança", salientando que "em termos de forças públicas, as forças de segurança têm sido essenciais" tal como os bombeiros ou "outras instituições ligadas às câmaras, mas as forças de segurança têm sido verdadeiramente inexcedíveis", disse.
"É uma categoria especial na administração pública, no sentido em que corresponde a necessidades, dentro das básicas, das mais básicas. E é evidente que isso não pode ser esquecido no momento em que se regressar à normalidade da vida, no dia a dia, e certamente não será", defendeu.
Questionado sobre as críticas ao evento e à capacidade de Portugal organizar a JMJ, Marcelo respondeu que "seria mau que Portugal se convertesse numa sociedade unanimista".
"E, portanto, se há críticos de um lado ou de outro em relação àquilo que sucedeu, sucede ou pode vir a suceder, isso é a democracia e acho que a tolerância perante as opiniões democráticas é o que a democracia deve ter sempre", considerou.
"Vamos ainda longe do fim, mas até agora conseguimos", disse.
[Notícia atualizada às 17h49]
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