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"Parece haver uma falsa surpresa relativamente" ao caso da TAP

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, garantiu que há uma "obsessão ideológica por parte do Partido Socialista com a privatização da TAP", uma "brincadeira" que "custou ao Estado português 3,2 mil milhões de euros".

"Parece haver uma falsa surpresa relativamente" ao caso da TAP
Notícias ao Minuto

23:58 - 12/04/23 por Notícias ao Minuto

País Rui Moreira

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, comentou, esta quarta-feira, a polémica TAP. "Parece-me haver uma falsa surpresa relativamente àquilo que está a acontecer com a TAP", começou por dizer Rui Moreira, na 'Grande Entrevista' da RTP3. 

"Quando nos apercebemos quem eram os compradores da TAP, o senhor Humberto Pedrosa, uma pessoa absolutamente respeitável, mas que entra no capital claramente induzido, porque o outro acionista era de fora da União Europeia (UE) e a legislação europeia não permite que uma empresa transportadora aérea seja tomada por capital de fora da UE. Logo aí se percebeu que havia alguma coisa de mal. Parecia óbvio que [David] Neeleman não estava a investir por interesse direto na TAP, mas indireto, como agora se tem vindo a comprovar", elaborou Moreira.

Referiu ainda que não se consegue compreender "como é que o Estado português está numa situação de minoria, assume uma posição de paridade, mas não quer ter domínio estratégico sobre a empresa". Com a chegada da pandemia de Covid-19, Rui Moreira considera que "houve a obsessão de renacionalizar a TAP".

"Foi uma obsessão ideológica por parte do Partido Socialista com a privatização da TAP. Estamos a lembrar-nos do tempo da gerigonça, um tempo em que tudo era revertido. Por isso é que nas inquirições parlamentares, a extrema-esquerda tem sido tão cautelosa, tão dormente nisto tudo", declarou, destacando que "esta brincadeira custou ao Estado português 3,2 mil milhões de euros".

Questionado sobre se a companhia aérea teria 'caído' caso não fosse feita essa injeção de investimento, Rui Moreira referiu "que poderia ser dividida em duas e hoje o Governo poderia manter uma como parte estratégica".

O Governo quer atualmente reprivatizar a TAP, considerou o autarca, sublinhando que "não vale a pena chorar sobre leite derramado", mas que o Estado português deve focar-se em "como se pode libertar da empresa" e, para tal, "isto que está a acontecer são as piores notícias possíveis".

As comissões de inquérito que têm sido realizadas nos últimos dias debruçam-se sobre "coisas que são fait-divers".

"Para mim pouco me interessa se a doutora Alexandra Reis se incompatibilizou com a senhora Christine Ourmières-Widener, e se ela andava num carro e queria motorista... Tudo isso é uma cortina de fumo relativamente a um problema muito maior. Se temos um ativo em que investimos 3,2 mil milhões de euros, em que os trabalhadores não estão manifestamente descontentes e têm razão para isso, em que os passageiros, por norma, dizem que o serviço é mau... E agora queremos vender e estamos a desvalorizar o produto", sublinhou.

Tendo em conta o momento, Rui Moreira considerou que a "melhor solução é, de facto, passar esta empresa para o domínio de uma grande companhia aérea privada". "Basicamente só há três hipóteses na Europa. Ou a Lufthansa, ou a KLM, ou a Ibéria. Não há outra alternativa", afirmou.

Sobre o ministro Pedro Nuno Santos, o autarca da Câmara do Porto salienta que "durante muitos meses, usou argumentos diferentes", opinando que "funcionava como se fosse de facto o CEO da TAP". "Parecia que era o presidente da TAP, e de facto ele era presidente por agência. Pelos vistos, a Christine Ourmières-Widener era o braço armado dele para a estratégia que entendia", afirmou.

"Primeiro disse que a empresa era muito importante estrategicamente em termos de recursos humanos, argumento que parece perdido no tempo. A segunda questão é que era muito importante em termos de balança comercial e da nossa balança de pagamentos e que a TAP exporta muito, claro que exporta muito, porque vende bilhetes", adiantou.

Por fim, o terceiro e o mais "verdadeiro", é a "vontade que o Governo tem de manter o hub de Lisboa", algo que terá que fazer "parte de um caderno de encargos" e "encontrar um parceiro" que o queira fazer.

Rui Moreira concluiu que "quando formos vender a empresa", vai ser preciso explicar aos portugueses que "provavelmente a empresa vai ser vendida por 300 ou 400 milhões de euros", um valor aquém do que já foi investido na TAP.

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