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Suspeito de matar empregado ucraniano em silêncio no início do julgamento

O homem acusado matar um trabalhador ucraniano, no ano passado, na Póvoa de Varzim, distrito do Porto, remeteu-se ao silêncio na primeira sessão do seu julgamento que começou hoje no tribunal de Matosinhos.

Suspeito de matar empregado ucraniano em silêncio no início do julgamento
Notícias ao Minuto

17:28 - 26/10/22 por Lusa

País Póvoa de Varzim

O suspeito, de 43 anos, e que está em prisão preventiva, foi acusado dos crimes de homicídio qualificado, escravidão e profanação de cadáver, este último o mesmo delito que é imputado à mãe, à mulher e ao sócio do principal arguido.

Em causa está a morte de um cidadão ucraniano, de 51 anos, em junho de 2021, que trabalhava numa exploração agrícola propriedade do suspeito e que, segundo a acusação, terá sido sodomizado com recurso a um objeto contundente que lhe causou graves hemorragias de sangue, levando à sua morte.

Recaem também suspeitas de que o trabalhador do leste da Europa, que vivia numa rulote com parcas condições de habitabilidade na exploração agrícola, era escravizado e alvo de maus tratos por parte do empresário.

Nesta primeira sessão do julgamento, o arguido de 43 anos prescindiu de prestar declarações sobre as acusações que lhe são feitas, tal como mulher e o sócio, que também hoje se sentaram nos banco dos réus.

A mãe do suspeito, também arguida, não esteve presente devido a problemas de saúde.

Na primeira sessão do julgamento, foi ouvido o inspetor da Polícia Judiciária (PJ) que conduziu a investigação, que relatou que o primeiro contacto com os arguidos se deu na casa da mãe do principal suspeito, onde estava o cadáver.

A investigação aponta, ainda assim, que o crime não tenha acontecido nesse local, mas sim na exploração agrícola, tendo, alegadamente, o principal suspeito, com ajuda da mãe e do seu sócio, transportado o corpo para a habitação e ligado para o número de emergência médica reportando o óbito, atribuindo-lhe, inicialmente causas naturais.

Segundo o elemento da PJ, nos primeiros depoimentos recolhidos entre os arguidos foram reconhecidas "algumas incongruências" na versão dos acontecimentos, tendo, igualmente, sido notado que a rigidez e a posição do cadáver não indiciava que morte tivesse acontecido na habitação.

O inspetor relatou que, numa primeira perícia à rulote onde vivia a vítima foram encontrados "vestígios hemáticos [de sangue]" e que o relatório do Instituto Medicina Legal determinou que a morte aconteceu devido a hemorragias.

O elemento da força policial disse, ainda, que numa segunda perícia à rulote, o local já tinha sido limpo e arrumado, mas que foram encontrados "pertences da vítima debaixo de um monte de plásticos a alguns metros do local".

O investigador considerou que a vítima, que sofria de alcoolismo, "vivia em condições de degradantes" e que nas escutas telefónicas reunidas após o crime havia indícios de ser alvo de "tratamento humilhante" por parte do patrão.

O inspetor da PJ relatou que "chegou a investigar-se a possibilidade de envolvimento do sócio no crime", mas apurou-se que o mesmo "não participou" no homicídio e que até se terá mostrado "reticente" na alegada transferência do corpo.

Foi ainda relatado que através de imagens de vídeo-vigilância, de algumas habitações e estabelecimentos comerciais, foi possível identificar os suspeitos a deslocaram-se, nas suas viaturas, entre o local onde o crime terá acontecido e a casa onde foi reportada a morte do trabalhador.

As próximas sessões do julgamento estão agendadas para 2 e 9 de novembro, no Tribunal de Matosinhos.

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