OE? Se previsões do Governo se confirmarem, "tensão" social será menor
O Presidente da República considerou hoje que, se as previsões económicas do Governo se concretizarem, não existirá o nível de tensão social esperado, e previu que até janeiro se saberá se o executivo "acertou em cheio" ou não.
© Nuno Cruz/NurPhoto via Getty Images
"Se o cenário [económico] não for tão mau quanto muitos previam e puder ser uma subida progressiva da economia e uma aterragem da inflação, aí penso que as consequências sociais -- que inevitavelmente haverá sempre, na vida de toda a gente -- não terão a conflitualidade e a tensão que teriam de outra maneira", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa em Nicósia, pouco depois de ter chegado a Chipre, onde irá iniciar uma visita oficial no sábado.
Segundo o jornal Público, o Governo, para o próximo ano, projeta um crescimento de 1,3%, um défice de 0,9% e uma inflação de 4%, assistindo-se também a uma redução da dívida para 110,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que as previsões do Governo são melhores do que o próprio e "porventura do que esperavam muitos portugueses, dentro do clima de crise geral" que Portugal está atualmente a viver.
"Se o cenário macroeconómico fosse aquele que eu admiti que pudesse vir a ser, isto é com um produto a não crescer, ou até a decrescer, com um problema complicado de emprego, e com um problema complicado de inflação -- continuar ou acelerar a subida de preços -- eu penso que aí, a tensão social podia subir, como noutros países tenderá a subir", referiu.
Segundo o Presidente da República, "novembro, dezembro, janeiro, serão uma espécie de barómetro" que permitirá ver "em qual das duas direções é que vai seguir a economia e vai seguir o nível de preços".
"Quando chegarmos a fevereiro ou março, já teremos uma noção exata se o cenário macroeconómico [do Governo] aceitou em cheio, ou não acertou porquê? O que é que se passou, melhor ou pior, na vida económica e no nível de preços?", disse.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que o número da inflação previsto pelo Governo para 2023 "é possível", mas a sua evolução irá depender da resolução do conflito na Ucrânia, "se houver fórmulas alternativas para a energia em muitos países" e se "houver recuperação económica nesses países europeus".
Questionado se, caso o Governo tenha de acertar as suas previsões, será necessário apresentar um orçamento retificativo, Marcelo respondeu: "Não, isso implica fazer a avaliação que for necessária na altura. A cada momento há medidas pontuais que podem ser tomadas se for necessário".
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que irá continuar a "fazer alertas", assinalando que a sua função "não é estar a fazer previsões otimistas, é alertar para a eventualidade de o otimismo poder verificar-se ou não".
"Eu sempre na vida tive o princípio que é, realmente, ter expectativas baixas: depois, é boa notícia. Quem tem as expectativas muito altas, pode ser boa notícia ou não ser boa notícia. Portanto, vamos esperar para ver. Eu devo dizer que fiquei contente [com as previsões]", referiu.
[Notícia atualizada às 20h55]
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